Anielle Franco critica PL que equipara aborto a homicídio e alerta para impacto sobre vítimas de violência sexual

0
Anielle Franco critica PL que equipara aborto a homicídio e alerta para impacto sobre vítimas de violência sexual
Foto: Reprodução

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, criticou, na manhã desta quinta-feira, 13, a aprovação do requerimento de urgência do Projeto de Lei 1904/24, que equipara o aborto acima de 22 semanas ao crime de homicídio. O projeto, de autoria do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), penaliza mulheres e meninas vítimas de violência sexual que interromperem a gestação, prevendo penas mais severas do que as aplicadas aos estupradores.

Em publicação no X/Twitter, a ministra destacou que a aprovação do requerimento retrocede os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres no Brasil. “A Câmara aprovou ontem o requerimento de urgência do PL 1904/24, que retrocede os direitos sexuais e reprodutivos de mulheres e meninas no Brasil e concretamente agrava os casos de gravidez infantil, forçando crianças violentadas a serem mães”, afirmou a ministra.

Notícias Relacionadas


A urgência na tramitação do projeto implica que ele não passará por comissões e será encaminhado diretamente ao plenário. Para Anielle Franco, isso representa uma falta de espaço para discussão com a sociedade e especialistas sobre a proposta. “As discussões sobre essa proposta desastrosa para a vida de meninas e mulheres no país tramitam com velocidade e pouco espaço para discussão com a sociedade e especialistas”, criticou.

Segundo o texto do PL 1904/24, mulheres adultas vítimas de estupro que realizarem o aborto após 22 semanas, bem como os profissionais que executarem o procedimento, podem ser condenadas por homicídio, com penas que chegam a até 20 anos de prisão. Franco sublinhou que essa pena é o dobro da aplicada aos agressores do estupro, cuja máxima é de 10 anos.

A ministra também ressaltou a gravidade da situação de violência sexual no país, citando dados de 2022 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “Os dados são alarmantes: o Brasil registrou cerca de 75 mil casos de estupro – o maior da série histórica. Seis a cada dez vítimas eram crianças de até 13 anos, 57% eram negras e 68% dos estupros ocorreram na residência das vítimas. Outro dado revela a gravidade deste cenário: em 64% dos casos, os autores eram familiares das vítimas”, detalhou.

Ela concluiu a publicação alertando sobre os impactos do projeto. “Esse projeto representa retrocesso e desprezo pela vida das mulheres. Esse não é o Brasil que queremos”, escreveu.

A proposta de Cavalcante tem gerado controvérsia e reacendeu o debate sobre os direitos reprodutivos no país. Grupos de defesa dos direitos das mulheres e entidades de saúde se manifestaram contrários ao projeto, apontando para os riscos e impactos negativos sobre a saúde das mulheres, especialmente as que são vítimas de violência sexual.

Notícias Recentes

Participe de nosso grupo no Telegram

Receba notícias quentinhas do site pelo nosso Telegram, clique no
botão abaixo para acessar as novidades.

Comments

No posts to display