Convidada para participar do Festival LED, na manhã desta sexta-feira, 21, a ativista e filósofa, Angela Davis, conversou com a jornalista Aline Midlej sobre “Educação como caminho para a liberdade”. Durante a conversa, a professora norte-americana destacou que “A luta pela educação precisa sempre ser uma constante” e se surpreendeu ao saber que livros que abordam a diversidade estavam sendo censurados nas escolas brasileiras: “Isso de fato é uma vergonha. Reflete o crescimento da direita e do conservadorismo que estamos vivendo no Mundo inteiro”, contou.
“Esse conservadorismo do século XXI é uma resposta às vitórias que vencemos e aos nossos esforços rumo a um futuro sem racismo, exploração de classes, sem homofobia, sem medo do impacto das mudanças climáticas. Gostaria que tivéssemos ciência da nossa força.
Essa é a resposta deles, eles querem reverter, voltar atrás. É a resposta ao que milhões de pessoas tem feito no planeta para seguir adiante”, destacou Davis ao lembrar que a retirada de livros das bibliotecas escolares é um ato fascista.
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Questionada sobre a necessidade de valorização dos professores, Angela Davis afirmou: “Não entendo porque professores e professoras não recebem o que é devido. Eles deveriam ganhar os maiores salários. Deveríamos reconhecer o quanto professoras e professores são importantes para o nosso futuro. Minha mãe e meu pai eram educadores e ambos tiveram que atuar em circunstâncias muito duras, eram muito pobres. Enquanto eu crescia, eles diziam, lê isso, lê aquilo. E quando eu cresci eu fiquei ciente da importância disso, de valorizar a educação”.
Davis também lembrou da influência que o educador Paulo Freire tem sobre como ela enxerga a educação. “O Brasil ofereceu o filósofo da educação mais importante para o mundo inteiro. Eu aprendi com ele como ser uma professora de fato efetiva. E como tratar com as pessoas que estou querendo ensinar. É muito importante que as pessoas no mundo inteiro possam aprender com Paulo Freire. Se as pessoas tivessem acesso o mundo não estaria assim. Se soubesse que ser livre é compartilhar comunidade e unidade. Que a função real da liberdade é libertar alguém além de você. As lições pedagógicas [de Paulo Freire] vão continuar a guiar-nos ao longo do caminho da educação”, destacou.
Ao finalizar sua participação no evento, Angela Davis lembrou que o reconhecimento que recebe deve ser dedicado ao coletivo: “Me sinto tão humilde quando estou no Brasil. Não mereço tanto reconhecimento. Se eu mereço é porque sou representante de uma força maior. Nenhum de nós é capaz de fazer alguma coisa significante sozinhos. Estou ciente de tudo que fiz na minha vida, das coisas que consegui ter sucesso, que foram atribuídas a mim, são sempre coisas que tiveram êxito coletivamente. Esse amor e boas-vindas, não posso aceitá-los só para mim, mas para todos que sempre lutaram contra o racismo, homofobia, machismo”.
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