Mundo Negro

Ancestralidade e Afrofuturismo: nigeriano recria a moda através da IA

Imagem: Malik Afegbua

Residente na cidade mais populosa da Nigéria, Lagos, o cineasta Malik Afegbua, 38, achou que perderia a sua mãe em 2022, após a mesma sofrer múltiplos AVCs, o que a deixou em estado grave, mas, para sua alegria, recupera-se lentamente com o aparato de profissionais da saúde.

Seu pai foi piloto e frequentemente viajava, o que fortaleceu ainda mais a relação da matriarca com seus filhos. Afastado dela, em busca de distração e conforto, Malik dedicou-se ainda mais à arte, decidiu utilizar a tecnologia para recriar memórias felizes, mas não só com ela: “Queria criar algo que mudasse a nossa percepção (dos idosos). Os anciãos negros, especialmente, viram tanta opressão em suas vidas, tanto sendo rebaixados ”, disse ele. “E se eu pudesse retratá-los como reis e rainhas? E se eu mostrasse sua confiança e força?”.

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Assim surgiu o Fashion Show for Seniors (desfile de moda para terceira idade): utilizando Photoshop e 3 ferramentas de Inteligência Artificial, Afegbua encantou com imagens que remeteram a desfiles e poses de pessoas idosas nigerianas  esbanjando beleza e confiança em trajes elegantemente tradicionais ou futuristas. Ele desenhou a ancestralidade com a tecnologia do futuro!

Conectando a moda, negritude ancestral e mundo real

Malik deseja tirar seu desfile do mundo virtual e trazer para o real e já vem conversando com várias referências do mercado, mas, enquanto isso não acontece, o diretor de cinema de Nollywood, segunda maior indústria audiovisual do mundo, trabalha num documentário do Netflix sobre Nike Davies-Okundayee. Ela também é nigeriana e tem grande reconhecimento global a moda, conhecida como Mama Nike. Não será sua primeira vez neste stream, visto que produziu 2 temporadas da série sobre destaques da criação africana, Made by Design.

Interseccionalidade na Diversidade & Inclusão

Além da arte e impecável olhar, associados ao uso de uma tecnologia que vem se tornando cada vez mais presente, as imagens criadas por Malik remetem à ancestralidade negra africana como ela de fato é: magistral, imponente, marcante, que sabe de onde veio e ensina aos seus que, ainda que não sejam enxergados pelo sistema, nem mesmo quando tratando-se de  D&I, uma vez que corpos negros idosos seguem invisibilizados apesar do etarismo ser uma pauta que vem ganhando cada vez mais força. Nas passarelas reais do Brasil, Mônica Anjos e Isaac Silva tiveram este respeitoso olhar inclusivo e ancestral ao incluir em seus desfiles do SPFW estes corpos. Ainda são as pessoas negras as que fazem esforços para que humanizem suas histórias e existências, e isso tem sido cada vez mais revolucionário, Afegbua que o diga.

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