Juliano Trevisan, de 33 anos, foi impedido de entrar em bar de Curitiba porque poderia ser confundido com segurança
Há seis anos, o analista de marketing Juliano Trevisan, de 33 anos, entrou com uma ação na justiça contra o James Bar, localizado em Curitiba, depois de ter sido barrado na entrada do estabelecimento pelo gerente com a justificativa de que poderia ser “confundido com segurança”. O rapaz vestia uma camisa com manga curta de cor preta, calça social, sapato marrom e gravata preta.
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Na época, Trevisan foi embora do local e fez um desabafo no Facebook sobre o ocorrido. O relato de Juliano viralizou e o estabelecimento publicou uma retratação, afirmando que havia demitido os funcionários responsáveis por impedir a entrada do analista negro no bar.
Juliano Trevisan entrou com um processo por danos morais contra o estabelecimento e esperou por anos um resultado. Agora, ele comemora a vitória concedida pela juíza Débora De Marchi Mendes, que determinou o pagamento de uma indenização no valor de R$ 10 mil reais à vítima.
Na sentença, a juíza reconheceu que a conduta do gerente do James Bar “se mostrou em absoluto desproporcional e ofensiva, provocando constrangimentos não só ao autor como às pessoas que acompanhavam o requerente”. O texto ainda destaca que vedar a entrada do rapaz no estabelecimento por causa da roupa “já resulta em claro abuso da ré e configura ato ilícito, na medida em que provocou evidente constrangimento”.
Para o Mundo Negro, o advogado de Juliano, José Tadeu Makiak Junior destacou que a condenação do James Bar tem um efeito pedagógico-repressivo. “O processo foi em relação ao constrangimento, de ter retirado uma pessoa que a única coisa que era diferente das demais ali era a cor da pele. A condenação foi mais no sentido pedagógico-repressivo, no sentido de evitar que isso aconteça novamente”, pontuou.
Apesar de o racismo não ter sido citado na decisão da juíza, o advogado afirma que essa questão ficou implícita, considerando que na ação a empresa não explicou porque Trevisan se pareceria com um segurança, já que no dia, outros frequentadores do bar estavam vestidos com trajes parecidos com os de Juliano. “Juntamos fotos de outras pessoas que entraram com a vestimenta igual a do Juliano. Então não se justificava”, completou.
Já Juliano Trevisan acredita que a vitória na justiça é motivo para comemorar. “Para tantos nãos que a gente recebe durante a vida, a gente que é preto, e que recebe um ‘foi só uma brincadeirinha’, ‘foi um mal entendido’ ou um ‘fui mal interpretado’, quando a gente recebe um ‘sim’ é uma vitória, um motivo para comemoração. Foi um sim que eu recebi, um sim da justiça”.
Questionado se vale à pena que as pessoas busquem na justiça seus direitos em casos de racismo, Juliano pontua que ainda existe “um desconhecimento em relação à lei. Por parte da própria justiça tem um despreparo” para lidar com esse tipo de caso. Mas ele acredita que é importante buscar amparo na lei para garantir os direitos de pessoas que sofrem com racismo. “A gente só vai acabar com o racismo quando começar a ter punição e a punição não é só um cancelamento na rede social, essa punição tem que vir por todos os vieses. Tem que vir, se possível, pelo viés criminal, civil, tem que doer no bolso, e servir como exemplo para outros casos”.
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