Aldri Anunciação, autor de “Namíbia, Não!”, fala sobre sucesso e repercussão da obra, que volta aos palcos de São Paulo

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Aldri Anunciação, autor de “Namíbia, Não!”, fala sobre sucesso e repercussão da obra, que volta aos palcos de São Paulo
Imagem/ Divulgação

Dirigido por Lázaro Ramos, o espetáculo “Namíbia, Não!” comemora 10 anos com temporada especial em São Paulo na Semana da Consciência Negra e trazendo um pouco da história de André e Antônio, que o autor da obra, Aldri Anunciação – que também atua na peça – fez questão de celebrar.

O texto narra a história dos advogados André e Antônio. Eles são surpreendidos por uma Medida Provisória do governo que obriga os cidadãos com características de ascendência africana a regressarem aos seus países de origem.

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Todos devem ser capturados e devolvidos à África, sob o pretexto de “corrigir” o erro da escravização. Sua narrativa se desenrola em torno de uma realidade distópica em um Brasil do futuro.

O Mundo Negro entrevistou Aldri sobre o o teatro negro e sua grandiosa obra, assim como a transformação de “Namibia! Não” para diversas mídias.

Após 10 anos, como é ver o ‘Nabíbia, Não!’ mais uma vez nos palcos e sendo celebrado artísticas de forma tão potente?

Tem dois lados da moeda para essa pergunta, vejo de forma triste por ainda ser um assunto muito atual no Brasil, pelo racismo ainda ser muito doloroso, ainda muito atual, mesmo depois de dez anos. Apesar disso, tem a felicidade do exercício estético, o exercício poético. Existe essa dualidade, uma tristeza pela escrita e uma alegria por exercer a profissão ao lado de colegas depois de tantos anos.

A obra ‘Nabídia Não!’ é considerada por muitos como uma das principais do ‘teatro negro’, como você compreende essa relação?

Uma das grandes importâncias do teatro é incomodar, fazer incômodo.

Aproveita e fala um pouco sobre a conexão entre a arte teatral retratada no livro e o ativismo negro atual?

Essa conexão é direta, uma comédia ou tragédia… que atualiza muito esses discursos, principalmente quando é o teatro que atualiza isso, então a relação entre a história do livro e o ativismo negro atual é direto porque os personagens respiram atualidade

Sobre o ‘Nabíbia, Não!’ ser uma diáspora vivida pelo povo africano no Brasil escravocrata e a relação do Brasil atual: você enxerga uma relação direta nisso, mesmo que o livro tenha autoria anterior?

A medida provisória do livro é uma grande metáfora da explosão dos dias de hoje, do sistema de saúde e do sistema de terras que alguns não podem ter no Brasil, além de diversos outros assuntos que tem conexão entre a história e o movimento atual de hoje. Todo o movimento de exclusão, de saída, está dentro do medida provisória

Sobre o filme medida provisória, atuado por Taís Araújo e dirigido por Lázaro Ramos, ele fala que, sentimentalmnente teve uma alegria muito forte:

Sentimentalmente é muito forte porque devemos falar nossa história, das perspectivas que está fora e sobretudo do ponto de vista de quem está dentro. Sentimentalmente é como se eu estivesse conseguido respirar, muito feliz quando vejo a história em livro, no teatro e no cinema.

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