Afeto, carreira e poder: a roda de mulheres negras que está mudando o jogo em Salvador

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Afeto, carreira e poder: a roda de mulheres negras que está mudando o jogo em Salvador
Fotos: Andreza Mona

Na última semana, Salvador testemunhou mais do que um encontro profissional, presenciou um movimento. A segunda edição da Ciranda Preta, realizada no charmoso restaurante Solar Gastronomia, no Rio Vermelho, reuniu cerca de 80 mulheres negras de diferentes áreas de atuação como comunicação, direito, economia, eventos, saúde e poder público.

Criada por Danielle Pires e Najara Black, a Ciranda Preta nasceu do desejo de unir mulheres negras em espaços de prestígio, muitas vezes pouco ocupados por elas, e transformar jantares em pontes para o futuro. Mais que networking, trata-se de reivindicar presença e ocupar mesas que antes pareciam reservadas a poucos.

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Se a proposta inicial era criar conexões estratégicas para impulsionar carreiras e gerar negócios, o que se viu foi um mergulho coletivo em afeto, autoconfiança e pertencimento. Entre taças erguendo brindes e sorrisos soltos, a alegria,  tão característica da cultura baiana, costurou novas histórias e aproximou profissionais que, até então, nunca haviam se encontrado.

“Foi um espaço seguro para ser quem somos e dizer sem medo: ‘eu quero crescer e quero levar outras comigo’”, resumiu Josi Querino, sócia-diretora da Pau Viola Entretenimento. E os resultados falam por si: segundo a organização, 85,7% das presentes vislumbram novas oportunidades de negócios, saíram mais confiantes e acreditam que a rede seguirá rendendo parcerias concretas.

Essa movimentação não é isolada. Segundo o Sebrae, empreendedoras negras já representam mais de 35% das donas de negócios no Brasil, mas ainda enfrentam barreiras para acessar crédito, clientes e redes de influência. Iniciativas como a Ciranda Preta atuam exatamente nesse gargalo: conectar talento e oportunidade.

Além disso, estudos do McKinsey & Company mostram que empresas com diversidade étnico-racial em cargos de liderança têm 36% mais chances de alcançar desempenho financeiro acima da média. Quando se cria um ecossistema onde mulheres negras se fortalecem mutuamente, o ganho não é só individual, é econômico, social e cultural.

Esta iniciativa ser em Salvador é simbólica. A cidade, marcada pela força da ancestralidade negra, oferece o cenário perfeito para um movimento que une identidade, excelência e leveza. A alegria, presente do primeiro ao último brinde, foi catalisadora da sensação de pertencimento. Mesmo para quem chegou sozinha, era impossível não sair com novos contatos e novas amigas.

A Ciranda Preta prova que, quando mulheres negras se encontram com intenção, o impacto ultrapassa as paredes de um restaurante. É sobre carreira, mas também sobre saúde emocional. É sobre negócios, mas também sobre afeto. É sobre agora, mas sobretudo sobre o futuro.

E para Salvador, a mensagem é clara: a cidade não será a mesma depois dessas rodas de conversa e afeto. Porque, no fundo, cada gargalhada ecoada no Solar Gastronomia era também um ato político.

Vida longa à Ciranda Preta!

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