Grupo de advogados negros aciona a Fifa para expulsar presidente da Conmebol por racismo

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Grupo de advogados negros aciona a Fifa para expulsar presidente da Conmebol por racismo
Foto: Reprodução/CONMEBOL Libertadores

Juristas e advogados negros, membros da associação JusRacial, entraram na quarta-feira (19) com uma representação à Fifa pedindo a expulsão de Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol).

O pedido tem como base uma fala de Domínguez durante o sorteio da Copa Libertadores da América, realizado na segunda-feira (17), no Paraguai. Na ocasião, ele afirmou que a ausência de times brasileiros na competição por questões relacionadas ao racismo “seria como Tarzan sem Chita”.

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Para o advogado Hédio Silva Jr., fundador da JusRacial e ex-secretário de Justiça de São Paulo, a declaração é “inaceitável” e uma ofensa aos jogadores e clubes brasileiros. “Domínguez não apenas minimiza o racismo no futebol, mas naturaliza a ofensa racial como algo aceitável. Isso é inadmissível. Se a Fifa quer ser levada a sério no combate ao racismo, precisa bani-lo do futebol”, afirmou ao g1.

Na representação, os juristas citam os artigos 3º, 4º, 5º e 8º do estatuto da Fifa, que proíbem condutas discriminatórias e preveem punições severas para casos de racismo. Também mencionam os artigos 11 e 13 do Código Disciplinar da entidade, que vetam esse tipo de comportamento.

Além disso, o grupo alega que Domínguez é reincidente em declarações racistas, o que compromete a credibilidade da Conmebol e tornaria sua permanência no cargo “insustentável”.

O pedido protocolado exige que a Fifa adote uma postura firme e reforce o compromisso com um futebol baseado no respeito e na igualdade.

Procurada, a Conmebol divulgou nota nesta quinta-feira (20) informando que convocou representantes de governos e associações dos dez países-membros para uma reunião no dia 27 de março. O encontro discutirá manifestações de racismo, discriminação e violência no futebol sul-americano.

Entenda o caso

Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, foi questionado sobre a possibilidade de clubes brasileiros não jogarem na Copa Libertadores, após recentes situações de racismo, em especial o caso sofrido pelo jogador do Palmeiras, Luighi, durante a partida contra o Cerro Porteño, pela Libertadores Sub-20, no Paraguai, no início do mês.

Luighi relatou que um torcedor do time rival, com uma criança no colo, fez gestos imitando um macaco em sua direção, foi chamado de “macaco” e ainda recebeu uma cusparada. O jogador denunciou o ocorrido ao árbitro Augusto Menendez, mas a partida seguiu sem intervenção. Após o jogo, Luighi chorou em entrevista e desabafou: “Até quando a gente vai passar por isso? O que fizeram comigo foi um crime”. O caso ganhou grande repercussão midiática.

Em seguida, dr. Hédio Silva Júnior, por meio do JusRacial, enviou uma notificação extrajudicial à Conmebol exigindo explicações sobre o episódio. Ele também criticou o Palmeiras por negligenciar a defesa do jogador. “O Palmeiras não pleiteou a punição do juiz por não ter interrompido a partida, não questionou a súmula do jogo, uma prova essencial para sabermos inclusive se o juiz foi devidamente treinado para lidar com uma situação dessas. Afirmou publicamente que o Cerro Porteño é reincidente, mas não requereu certidão de reincidência de modo a agravar as punições ao clube”, afirmou em recente entrevista ao Mundo Negro.

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