
O comunicador e diretor criativo Raphael Fonseca entrará com uma ação no Ministério Público contra o São Paulo Fashion Week (SPFW) e a médica neurologista Juliana Dias e seu marido após ser agredido e ameaçado pelo casal durante um desfile do estilista Walério Araújo na noite de quinta-feira (10). O advogado de Fonseca, Dr. Hédio Silva Jr., afirmou em entrevista ao Mundo Negro que a médica é “ré confessa” e que as provas do caso são “robustas”.
O advogado deve entrar com uma ação criminal contra o casal. “A agressora responde pelo crime de homofobia, tratado pela lei do racismo, e por vias de fato, porque ela empurra ele, ela o agride fisicamente”, disse. O marido da médica, segundo Silva Jr., responderá por ameaça e também por agressão física: “O conjunto probatório é muito robusto. Vários vídeos foram coletados, inclusive a partir da solidariedade de pessoas que amplificaram os ângulos das imagens”, afirmou o advogado. Ele também destacou que a médica admitiu.
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O Dr. Hédio ressaltou ainda que o SPFW também será acionado por omissão. “As imagens demonstram a omissão dos organizadores em assegurar a incolumidade física dele e de quem mais estava ali”, disse. Além da ação indenizatória, o advogado afirmou que pretende “pedir que eles tomem uma série de medidas preventivas e de valorização da diversidade”, considerando que “há uma completa despreocupação dos organizadores com relação a isso”.
O que aconteceu
O episódio ocorreu durante o desfile de Walério Araújo no SPFW, na Sala JK Iguatemi, no shopping Iguatemi, em São Paulo. Fonseca relatou que o casal o hostilizou por estar atrapalhando a visão do desfile: “O desfile estava lotado, tinha gente sentada no chão. Eu fiquei em pé, assim como outras pessoas. Um casal, que estava sentado na última fileira, pediu para duas mulheres brancas se sentarem, e elas aceitaram. Depois, a mulher me disse: ‘Querido, você consegue sentar, por favor, para a gente assistir?’ Eu respondi que não”, contou Fonseca.
A situação escalou quando a mulher tocou seu braço, e o marido teria feito ameaças: “Ele chegou perto do meu ouvido e falou: ‘Você vai sentar agora, senão vai ver o que acontece com você. Quer um escândalo aqui?’”. Em vídeo, é possível ver a médica empurrando Fonseca, que estava encostado em uma pilastra.
Repercussão e silêncio do SPFW
Após o vídeo viralizar, a médica Juliana Dias restringiu seu perfil no Instagram, onde se apresenta como profissional de “atendimento humanizado”. O Hospital Santa Catarina, onde ela atua, emitiu nota dizendo que “não compactua com qualquer tipo de discriminação” e que apura o caso internamente.
O SPFW só se pronunciou dias depois, afirmando que “não é civilizado, tampouco aceitável, empurrar alguém ou insultá-lo publicamente”. A nota também declarou solidariedade a Fonseca, mas, segundo ele, nenhum contato direto foi feito.
“Até agora, não recebi nenhuma mensagem e nenhum suporte”, disse Fonseca ao Mundo Negro. O estilista Walério Araújo e a organização do SPFW não responderam aos questionamentos da reportagem até o fechamento desta edição.
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