Os gêneros musicais são inspirações para a moda e vice e versa. Alguns artistas ditam moda e são verdadeiros ícones da beleza, comportamento e estilo. Um desses gêneros musicais tão inspirador é o samba. Samba de raiz, de roda, de quintal, etc. Reduto de grandes personalidades.
Jaimile Sodré* – Peço licença a realeza em pessoa, Rainha do partido alto, “Rainha Ginga”, Quelé, Clementina de Jesus, carioca, emocionante cantora, que com seu timbre de voz inesquecível representava não só o samba mas o jongo Benguelê1, como ela mesma o denominava, e ainda corimas2, cantos de trabalho 3.
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Licença minha diva pra falar de “vosmicê“.
Nascida na comunidade do Carambina, Rio de Janeiro, se mudou ainda jovem pra o bairro de Oswaldo Cruz. Determinada a brilhar, começou sua carreira somente aos 63 anos, pra alguns pode parecer tarde, mas Clementina soube em um curto tempo mostrar sua estrela. Seu talento foi ” descoberto” pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho ( na foto com Clementina) em 1963, levando a participar do show “Rosa de Ouro”.
Apesar de ter visto de perto o surgimento da escola de samba Portela, a sua escola do coração era a Mangueira e a cantava com amor e paixão. Vítima de um derrame, a diva faleceu em 1987. Contudo sua voz não se cala.
E seu estilo nos inspira. Uma de suas características estética era seu turbante. Além dele, utilizava nos seus shows: vestidos brancos de renda ou algodão acinturados e às vezes usava colares, brincos e pulseiras de pérolas.
Pérolas são sinônimos de elegância, prestígio e glamour, principalmente na década de 50, nos tempos atuais são utilizadas em diversas ocasiões. Com um ar romântico faz a composição com os vestidos assinturados de mangas tipo princesa ou bufantes.
Rendas inglesas (que na verdade são as rendas originárias de diversos países da Europa) ou brasileiras (mais conhecidas como renda do norte, renda do Ceará ou renda da terra). Bordadas manualmente pelas artesãs locais, valorizando assim nossa cultura.
O turbante, sendo mais popular na moda na década de 60. Sua origem é desconhecida, mas para a religião afrobrasileira, o Candomblé, o turbante (Ojá) tem grande importância ritualística, pois resguarda o Ori 4.É também usado por diversos grupos culturais ligados a cultura negra, como por exemplo, o Ilê Aiyê.
Clipe que mostra a Diva Chrisette Michele com seu lindo turbante:
httpv://www.youtube.com/watch?v=my_lMpDCrI0
Para leitura desse artigo sugiro algumas músicas pertinentes ao tema.
Músicas sugeridas cantadas por Clementina de Jesus:
Músicas Sugeridas cantadas pelo Ilê Aiyê
E ainda aprenda fazer turbante:
http://pimpymakeup.blogspot.com/2010/07/blog-post.html
Fontes:
- Entrevista de Gilberto Gil- Correio da Bahia janeiro 2008, reportagem de Gabriela Cruz;
- Biografia sobre Clementina de Jesus- Site Wikipédia, a enciclopédia livre.
- Como Fazer Turbante- Pimpy Make Up
- Moda da Pérola – blogdamulher.com
- Renda – http://pt.wikipedia.org/wiki/Renda_(tecido)
- Turbantes – http://pt.wikipedia.org/wiki/Turbante
Fotos: arquivo.
1-manifestação cultural afro-brasileira, também conhecido como Caxambu, é uma forma de expressão que integra percussão de tambores, canto e dança. O Jongo/Caxambu, presente no Sudeste brasileiro, fez o caminho do café e da cana-de-açúcar, praticado pelos negros de origem bantu, trabalhadores escravizados nas lavouras da região.
2- corimás – similar a caxambu, uma dança dos negros, espécie de batuque ao som do tambor.
3- canto de trabalho – melodias entoadas por pessoas que trabalham em locais fixos.
4- Ori- denominado cabeça em Yorubá, língua de Origem Africana.
*Jamille Sodré, Designer de Moda & Produtora de Moda. Sócia – Designer da Bettume, Moda de Estilo.
+contato: www. jamillesodre.blogspot.com
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