O ano de 2025 está logo ali. Mas serei bem sincero: poucas coisas me fazem acreditar que, nesse ano, a situação da população negra e pobre será diferente do que temos presenciado. Algumas pessoas negras dirão que tivemos mudanças. Isso nem discuto. A vida em sociedade não é instável.
Essas pessoas negligenciam que a essência da hierarquia continua a mesma desde o período colonial. Aos olhos dos descendentes dos colonizadores ou sujeitos lidos, socialmente, como brancos, os negros e indígenas, são sub-humanos. Consequentemente, a visão supremacista impede que tenhamos os direitos básicos; e os privilégios usufruídos pelos brancos, tornou-se uma condição normal.
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Estou cansado de ter o horizonte de vida limitado e ver a nossa população sofrendo. Isso causa exaustão em todos nós, negros. No entanto, cabe um adendo nesse meu pessimismo: minha descrença diz respeito apenas às ações do Estado e instituições responsáveis pela organização da sociedade brasileira. Quem acompanha os bastidores da política nacional sabe que a síntese da ação dos governos é a defesa das classes dominantes.
A esperança que tenho reside na crença de que melhores condições de vida surgirão da consciência coletiva das pessoas negras; dentre elas, o senso de irmandade, redes de apoio emocional, fomento de negócios próprios, promoção de uma educação focada nos valores africanos e afro-brasileiros, cooperação para produção cultural, conscientização política e organização de pautas para enfrentamento político.
É importante pontuarmos que esse trabalho não poderá deixar de excluir os negros que escolheram o lado do opressor. Aliado é aliado. Inimigo é inimigo. Pois, diante deste sistema, colocar-se como isento é apoiar a branquitude. No próximo ano, retomemos a prática dos nossos ancestrais para superarmos os obstáculos, lembremos das palavras de Makota Valdina “cada um de nós, negros, hoje é um Zumbi vivo. E o Zumbi do passado está a nos dizer: lutem, lutem e lutem.”
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