Memórias Negras: O Legado das Nossas Ancestrais” foi o tema da live desta quinta-feira (10), no Instagram do Site Mundo Negro em parceria com o Projeto Seta (Sistema de Educação por Uma Transformação Antirracista), em especial ao mês da Consciência Negra.

As convidadas Giovana Xavier, idealizadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Intelectuais Negras e Janete Santos Ribeiro, membra da Rede de Historiadorxs Negrxs, falaram sobre a memória de Azoilda Loretto da Trindade. A intelectual e feminista negra, teve todos os registros recebidos pelo Arquivo Edgard Leurenroth, da Universidade Estadual de Campinas, em agosto desse ano.

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A professora Giovana aponta como a memória é importante para a comunidade negra. “A memória além de ser o nosso maior patrimônio, é a forma de estar vivo e existir. É ao mesmo tempo um conceito, uma metodologia de trabalho e uma também uma divindade que a gente cultua. A memória que nos permite estar aqui hoje. Aqueles da nossa ancestralidade que a gente conhece e não conhece, vibrou uma energia muito forte pra gente estar aqui e elas sabiam que não poderiam viver. O mínimo que a gente tem que fazer é honrar essa energia de memória”, diz.

“Azoilda, grande mestre, é uma trajetória tão forte de educação com prática de liberdade que abriu um caminho muito grande de valorizar o corpo e o espírito. Muito sábia de criar espaço para que a gente pudesse expressar nossa linguagem nessa memória construída pela elite brasileira. Estamos celebrando um acervo de milhares de documentos organizado por uma intelectual negra. Principalmente mulheres negras, temos que aprender a sistematizar nossas ideias”, fala Giovana.

Janete refletiu sobre o livro publicado da Azoilda “O Baobá dos Valores Civilizatórios Afro-brasileiros”: “O Baobá, essa árvore estrondosa, 35 metros de altura de 15 de largura é a árvore da memória e faz a gente pensar que a memória também é esquecimento”, aponta.

“Azoilda costumava dizer que a invisibilidade é a morte em vida. Fazer com que as memórias dessas mulheres esquecidas cheguem nas salas de aula, com estudantes de classes populares, em sua maioria negras e indígenas, emergam no chão da escola. Memória e educação tem a ver com a gente afirmar todas as vidas, as nossas e as que veio antes da gente. Nós seremos as ancestrais que virão. E que a gente exerça esse poder em todos os lugares”, afirma a historiadora.

Sobre o Projeto Seta

É uma aliança inovadora, com sete organizações da sociedade civil nacional e internacional: ActionAid, Ação Educativa, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Coordenação Nacional de Articulação de Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), Geledés – Instituto da Mulher Negra, Makira-E’ta e a Uneafro Brasil. O Seta ainda é um dos vencedores da ação global da Fundação Kellogg para promoção da equidade racial (Racial Equity 2030).

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