
Imagine morar em um país onde a política de governo não oferece abertura de negociação para todos que não pertencem a determinada raça, e ainda responde a qualquer tentativa através do uso da força. Pois era esse o contexto em que emergiu a liderança política de Nelson Mandela, cuja celebração da memória ocorre no dia 18 de julho (Dia Internacional Nelson Mandela), mesma data de seu nascimento.
Nascido na aldeia de Mvezo no Transkei, África do Sul, em 1918, Nelson Mandela teve uma trajetória impactante e inspiradora, caracterizada pela coragem, resiliência e perseverança. O Partido Purificado alcançou o poder do país em 1948, e naquele momento iniciou as políticas de segregação racial, conhecidas como Apartheid. Os negros e brancos deveriam conviver separados, independentemente dos lugares em que estivessem. Escolas, banheiros públicos, assentos nos transportes, nas praças públicas, bebedouros, todos deveriam ser separados. Os casamentos inter-raciais eram proibidos. A circulação da população negra estava submetida a controle, tanto no perímetro quanto horário, entre outras medidas. Embora o prejuízo era somente da população negra, os brancos continuavam gozando de um elenco de privilégios.
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Paralelo a essas situações, Mandela se tornava uma importante liderança política no meio dos estudantes e ativistas políticos. Ele era estudante de Direito na Universidade de Fort Hare, e participava de organizações que se articulavam para enfrentar a segregação racial. Mas quando ingressou no Conselho Nacional Africano (CNA) se projetou e tornou-se conhecido nacionalmente. O CNA passou de instituição de caráter burocrático, emissão de petições, e assumiu a luta armada contra o governo. Nelson Mandela e seus companheiros passaram a atuar na clandestinidade. O governo do Apartheid não permitia diálogo, era tudo a base da truculência, tanto que teve o trágico episódio conhecido como Massacre de Shaperville. Os policiais sul-africanos assassinaram dezenas de pessoas negras durante um protesto pelo direito de ir e vir sem restrição.
Convulsões explodiram pelo país, e mesmo assim o governo não parava com a violência. Mandela foi encarcerado e condenado à prisão perpétua pelo crime de terrorismo. Ainda assim, a sua esperança se manteve inabalável em meio a todas essas adversidades. Um governo racista e uma pena que teria que cumprir para o resto da sua vida. Do lado de fora do presídio, a população ao redor do mundo se mobilizava exigindo que o governo libertasse o famoso preso. Era inaceitável aquele regime de segregação e a prisão de alguém que se opunha àquela política.
Para os pessimistas, o improvável aconteceu. Muitas negociações ocorreram. Em 1990, após vinte e sete anos encarcerado, Nelson Mandela foi solto. Aboliram o Apartheid e o herói sul-africano se tornou presidente da África do Sul. Obviamente, acabou sendo agraciado com o prêmio Nobel da Paz. Portanto, a lição para nós, vítimas sistemáticas do racismo brasileiro, é que não podemos em hipótese alguma perder as esperanças. Lembremos sempre da história de Nelson Mandela.
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