
Nos últimos meses, empresas nos Estados Unidos enfrentaram pressão política e social para recuar em compromissos relacionados à diversidade e inclusão. Esse movimento gerou preocupação sobre os possíveis impactos em outros países, incluindo o Brasil. No entanto, Ana Buchaim, vice-presidente de Pessoas, Marketing, Comunicação, Sustentabilidade e Investimento Social da B3, reforça que essa pauta segue firme na bolsa brasileira, que lidera esse debate há mais de 25 anos.
“Entendo que sempre vão ocorrer os chamados movimentos pendulares. O que vemos em algumas companhias nos Estados Unidos, que abriram mão de algumas práticas de diversidade e inclusão, faz parte desse fenômeno. Mas, para nós, essa agenda não é moda. Trata-se de um caminho sem volta, uma direção que temos que perseguir e certamente não vamos retroceder”, afirma Buchaim.
Notícias Relacionadas



O compromisso da B3 com a diversidade está alinhado com sua estratégia ESG e se reflete tanto em suas práticas internas quanto no direcionamento do mercado financeiro. A bolsa tem atuado para impulsionar boas práticas entre as companhias listadas, com a adoção de critérios que estimulam a inclusão de grupos sub-representados em cargos de liderança. “Nosso papel é mostrar a direção e estimular as empresas a avançarem cada vez mais nos temas ESG. Já existe no mercado a percepção de que as companhias que promovem inclusão, acessibilidade e representatividade são mais lucrativas”, explica. “Os investidores já perceberam isso e, em sua maioria, querem que as empresas sigam nessa direção.”
Atualmente, 26% do quadro de funcionários da B3 é composto por pessoas negras, sendo que 12% ocupam cargos de liderança. Em relação às mulheres, a companhia ampliou sua presença de 20% para 40% nos últimos cinco anos e se comprometeu a ter 35% de mulheres em posições de liderança até 2026. Hoje, esse número está em 31%. A B3 também está entre os 6% de empresas brasileiras que têm três ou mais mulheres na diretoria executiva e no conselho de administração.
Para garantir mais equidade nos processos seletivos, a bolsa adota o uso de currículo oculto, evitando vieses inconscientes na contratação. “Nossos gestores têm entre suas metas ampliar a representatividade dentro das equipes”, destaca a executiva.
Além disso, a B3 apoia programas voltados à formação de lideranças diversas. Entre eles, o Pacto Transforma, em parceria com a Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial, que busca acelerar carreiras de mulheres negras e formar 31 lideranças em empresas brasileiras. O Programa Diversidade em Conselho (PDeC), realizado com IBGC, IFC e Women Corporate Directors, tem como objetivo ampliar a presença de mulheres em conselhos administrativos. Já o Conselheira 101 é voltado à capacitação de mulheres negras e indígenas para cargos de alta gestão.
Notícias Recentes


