O coletivo Entre Vinhos e Afetos realizou, na última sexta-feira (21), o último encontro do ano, reunindo 22 homens negros em uma roda de afeto, escuta e fortalecimento no restaurante da chef Dani Pimenta, em São Paulo. Criado em abril de 2025 pelo psicólogo Mauricio Ortiz, o espaço tem se consolidado como um território íntimo e seguro voltado exclusivamente para homens negros que buscam partilha, acolhimento e reconstrução de vínculos afetivos, e já conta com 35 integrantes.
“Nosso encontro acontece na minha casa. um lugar de energia boa, acolhimento e partilha e por isso, a participação é feita sempre por indicação de outros homens que já integram o coletivo. Essa é uma forma de garantir que o espaço continue sendo seguro, respeitoso e verdadeiro”, destaca o idealizador, que também é Coordenador de um grupo de Masculinidades Negras do Afro Amparo Saúde, sobre as reuniões que acontecem sempre na última sexta-feira de cada mês.
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“Aqui, o vinho é apenas o pretexto, o que realmente nos move é a escuta, o afeto e o encontro entre nós. É um espaço para relaxar, celebrar o que temos de melhor, partilhar vivências e sustentar nossas vulnerabilidades com leveza e respeito”, conta o psicólogo, que levou essa provocação ao amigo e chef Júlio Cardoso, que topou de primeira fazer parte dessa construção potente.
“Por envolver bebida e por acontecer em um ambiente íntimo, reforçamos a importância de beber com moderação e manter o cuidado coletivo, sempre atentos ao bem-estar de todos”, afirma.
O grupo é plural: acolhe homens cis, gays, bissexuais e trans. Segundo Ortiz, “a potência do ser homem negro está justamente na multiplicidade de nossas experiências”.
Propósito e Fortalecimento
“Quando a Conceição Evaristo ‘convocou’ os homens negros a se juntarem as mulheres negras na sua participação no Mano a Mano Podcast, me despertou a reflexão de que a união estratégica dos homens negros brasileiros é a ultima etapa para mudarmos o status da comunidade negra no país”, escreveu no Instagram Hubber Clemente, CEO do Afroturismo Hub, após participar do último encontro do ano.
Para ele, o racismo estrutural mira o homem negro de forma contínua, e somente a organização coletiva tem força para alterar esse cenário. Em seu relato, Hubber reconhece desafios dentro das próprias iniciativas de união entre homens negros, que às vezes fragilizam as ações coletivas. Ainda assim, ele reforça: “Para honrar nossos ancestrais, desistir é algo que não faremos, pois o Ubuntu é o que nos guia”.
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