Executiva de Gana é eleita a pessoa negra mais influente do Reino Unido; um grito da excelência global e o espelho para o Brasil

0
Executiva de Gana é eleita a pessoa negra mais influente do Reino Unido; um grito da excelência global e o espelho para o Brasil
Foto: Sane Seven

A recente consagração da ganense Afua Kyei, CFO do Bank of England, como a pessoa negra mais influente do Reino Unido em 2026, sinaliza um marco de redefinição de poder na alta finança mundial. A profissional comanda a responsabilidade pela governança financeira de um balanço de £1 trilhão, refletindo o alto nível de impacto e a confiança depositada em sua expertise.

Esses cases de sucesso não são isolados, mas parte de uma constelação de mulheres negras africanas que atuam em posições C-Level e de alto impacto global.

Notícias Relacionadas


O comando exercido por essas líderes transcende fronteiras e setores, comprovando a excelência e a capacidade de gerir grandes organizações:

  • Ngozi Okonjo-Iweala: Primeira mulher e primeira africana a ser Diretora-Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Sua carreira inclui ter sido Ministra das Finanças da Nigéria e Diretora-Geral de Operações no Banco Mundial.
  • Maryam Abisola: CFO da Microsoft África, liderando a estratégia financeira em um dos mercados de tecnologia de crescimento mais rápido do mundo, após passagens por Coca-Cola e Pernod Ricard.
  • Lillian Barnard: Profissional de destaque na Microsoft, presidiu a unidade da África do Sul e atuou como Presidente da Microsoft África, e atualmente lidera a área de Enterprise Partner Solutions para o Oriente Médio e África.
  • Nunu Ntshingila: Por sete anos, atuou como Managing Director da Meta (antiga Facebook) para a África, sendo pioneira na construção da presença comercial da gigante de tecnologia no continente.
  • Aida Diarra: Liderou as operações regionais da Western Union e, mais recentemente, tem sido fundamental na expansão de pagamentos digitais na África como Vice-Presidente da Visa.
  • Ireti Samuel-Ogbu: Comandou as operações do Citibank Nigéria e Gana por quatro anos como Managing Director, uma carreira de destaque em um dos maiores bancos de investimento do mundo.

Seus nomes nestas posições simbolizam algo óbvio: mulheres negras estão prontas para assumir o comando das rédeas financeiras de sistemas de alto impacto, assim como outras cadeiras de alta liderança, competindo e vencendo em escala global.

Diante destes cases, o Brasil é convidado a confrontar a sua própria realidade, revelada por levantamentos recentes no Valor Econômico:

  • 80% dos Chief Financial Officers (CFOs) são homens.
  • 88% dos CFOs são brancos.
  • A presença de mulheres negras nessas posições é inferior a 1%, apesar de serem o maior grupo demográfico do Brasil, representando 28,5% da população.

Esta discrepância é um grito de alarme estrutural. Não se trata apenas de estatísticas; trata-se de um “teto de vidro” espesso, que barra a visibilidade e o crucial merecido acesso para carreiras de mulheres negras. A mulher negra brasileira possui uma expertise intrínseca em resiliência, adaptabilidade e gestão de crise, competências que são citadas como essenciais para a liderança corporativa moderna. No entanto, ela segue enfrentando um sistema que, por inércia ou intencional recusa, não enxerga, aceita ou investe em seu potencial.

O que Afua Kyei e o rol de líderes africanas demonstram é que o talento existe em abundância; o que falta no Brasil são as pontes estruturadas. É nesse contexto que iniciativas como o Instituto Conselheira 101 (C101) se tornam fundamentais e transformadoras, atuando como um catalisador para que mulheres negras e indígenas alcancem cadeiras em comitês e conselhos de administração.

A cada executiva negra que ocupa uma cadeira estratégica, não apenas se estabelece um precedente; reorganizam-se as possibilidades para as novas gerações. A presença delas legitima a ambição e prova que competência e pluralidade são forças complementares que geram inovação e governança mais robusta.

O desafio brasileiro, hoje, não é mais de provar competência, ela já está dada e constatada em trajetórias internacionais e nacionais. É de construir redes de influência e abrir as portas dos conselhos e das cadeiras de alta liderança para refletir a verdadeira potência do maior grupo demográfico do país.

Notícias Recentes

Participe de nosso grupo no Telegram

Receba notícias quentinhas do site pelo nosso Telegram, clique no
botão abaixo para acessar as novidades.

Comments

No posts to display