
O câncer de mama é a doença oncológica mais comum entre mulheres no Brasil, mas não afeta todos da mesma forma. Embora mulheres brancas apresentem mais casos absolutos — 101,3 por 100 mil contra 59,7 por 100 mil entre negras e pardas —, o diagnóstico em estágio avançado e a mortalidade são significativamente maiores entre mulheres negras. Entre 2000 e 2020, a taxa de óbitos entre elas cresceu 3,83 vezes, refletindo desigualdades históricas, socioeconômicas e de acesso à saúde.
Um dos principais fatores biológicos é a incidência mais alta do câncer de mama triplo negativo (TNBC), considerado mais agressivo e resistente a tratamentos convencionais. Estudos mostram que 20% das mulheres negras diagnosticadas apresentam TNBC, enquanto entre brancas esse percentual é de 10%. Esse tipo de tumor não responde à terapia hormonal nem à quimioterapia convencional, o que exige atenção redobrada à detecção precoce e acompanhamento médico.
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A história de Grazi Mendes, executiva de tecnologia premiada na PowerList 2024, evidencia a urgência desse cuidado. Diagnosticada com TNBC metastático aos 44 anos, ela compartilha:
“Oi, eu sou a Grazi Mendes e estou aqui para te contar que em 2024 eu fui diagnosticada com câncer de mama agressivo, triplo negativo, em estágio 3 e eu tinha apenas 44 anos. Apareceu muito cedo para um diagnóstico assim e eu tinha apenas um sintoma. Foi passando creme no corpo, eu senti uma das mamas mais rígida do que a outra e fui buscar ajuda. Hoje o câncer se espalhou, é metastático, ainda sem cura pela medicina, mas eu tô aqui porque talvez isso salve alguém. A gente prioriza tudo, menos a gente. Priorize-se, faça seus exames, não adie, não minimize sintomas. Toque-se, questione, insista. Hoje eu vivo um dia de cada vez, mas se eu puder evitar que você passe por isso, então valeu a pena contar essa história. Outubro Rosa não é sobre cor, é sobre vida, a sua, a nossa.”
Fatores sociais e históricos também aumentam a vulnerabilidade. Mulheres negras enfrentam menor escolaridade, maior carga de trabalho doméstico, menos acesso a exames de rotina, transporte mais difícil e desigualdade econômica. Essas barreiras dificultam o diagnóstico precoce, tornando a doença mais letal. Além disso, experiências de discriminação no sistema de saúde podem comprometer a confiança nos profissionais, prejudicando a adesão ao tratamento.
O cuidado com o próprio corpo, portanto, é fundamental. O autoexame das mamas, associado a consultas regulares e exames clínicos, é uma ferramenta importante de prevenção. Olhar com atenção para si mesma, priorizar exames e buscar ajuda diante de qualquer sinal é um ato de amor próprio e de resistência. Como lembra Grazi Mendes, “Toque-se, questione, insista. Outubro Rosa não é sobre cor, é sobre vida, a sua, a nossa.”
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