União Africana apoia campanha por mapa-múndi que represente o tamanho real da África

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União Africana apoia campanha por mapa-múndi que represente o tamanho real da África
Crédito: The New York Times

A União Africana (UA) declarou apoio a uma campanha que pede o fim do uso do mapa-múndi de Mercator, do século XVI, ainda adotado por governos e instituições internacionais. O movimento defende a substituição pelo mapa Equal Earth, que mostra com mais precisão as dimensões da África.

A projeção criada por Gerardus Mercator foi pensada para a navegação, mas distorce o tamanho dos continentes. Regiões próximas aos polos, como a Groenlândia e a América do Norte, aparecem maiores, enquanto África e América do Sul são representadas de forma reduzida.

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“Pode parecer apenas um mapa, mas, na realidade, não é”, disse a vice-presidente da Comissão da UA, Selma Malika Haddadi, à Reuters. Para ela, a projeção de Mercator reforçou a visão equivocada de que a África seria “marginal”. Com 30,37 milhões de km² (11,73 milhões de milhas quadradas), o continente é o segundo maior do mundo em território e abriga mais de um bilhão de pessoas. “Tais estereótipos influenciam a mídia, a educação e as políticas”, completou.

Crédito: The New York Times

A crítica ao Mercator não é nova, mas ganhou novo fôlego com a campanha “Correct The Map” (Corrija o Mapa, traduzido em português), liderada pelas organizações Africa No Filter e Speak Up Africa. A iniciativa incentiva escolas, empresas e organismos internacionais a adotarem a Equal Earth, lançada em 2018 para refletir de forma mais justa o tamanho dos países.

“O tamanho atual do mapa da África está errado. É a mais longa campanha de desinformação e desinformação do mundo, e ela simplesmente precisa acabar”, afirmou Moky Makura, diretor executivo da Africa No Filter. Já Fara Ndiaye, cofundadora do Speak Up Africa, ressaltou o impacto simbólico da distorção: “Estamos trabalhando ativamente para promover um currículo em que a projeção da Equal Earth seja o padrão principal em todas as salas de aula (africanas)”.

Para Haddadi, o apoio da União Africana à campanha está alinhado à luta por reparações históricas para “reivindicar o lugar legítimo da África no cenário global”, disse, acrescentando que a UA discutirá ações conjuntas com seus 55 Estados-membros.

A projeção de Mercator segue sendo usada em larga escala, especialmente em escolas e empresas de tecnologias. No caso do Google Maps, a versão para desktop passou, em 2018, a exibir o globo em 3D, mas ainda permite que usuários voltem ao modelo antigo de Mercator se desejarem.

O Banco Mundial informou que já utiliza a Equal Earth ou a Winkel-Tripel em mapas estáticos e que está eliminando gradualmente o Mercator em ambientes digitais. A campanha também enviou uma solicitação ao órgão geoespacial da ONU (UN-GGIM), que deverá ser avaliada por especialistas.

O movimento recebeu apoio além da União Africana. Dorbrene O’Marde, vice-presidente da Comissão de Reparações da Comunidade do Caribe (CARICOM), endossou a Equal Earth como símbolo de resistência e rejeição à “ideologia de poder e dominação” do mapa de Mercator.

Fonte: CNN

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