“O que nos afasta da comida de verdade é a colonização”, diz Bruna Crioula sobre polêmica na COP30 com açaí e outras comidas típicas paraenses

0
“O que nos afasta da comida de verdade é a colonização”, diz Bruna Crioula sobre polêmica na COP30 com açaí e outras comidas típicas paraenses
Foto: Reprodução/Instagram

A tentativa de proibição do açaí, tucupi, maniçoba, e sucos de fruta in natura, nos espaços dos eventos da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025), que será realizado em Belém (PA), continua repercutindo negativamente nas redes sociais. Para Bruna Crioula, nutricionista, pesquisadora e comunicadora alimentar, “o que nos afasta da comida de verdade é a colonização.”

Após críticas, a organização da COP30 recuou e alterou o edital de contratação dos restaurantes oficiais do evento, que acontece em novembro. A Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), responsável pelo documento, publicou uma errata após pressão do governo federal, após “análise técnica”, e garantiu a inclusão de alimentos tradicionais da culinária paraense, como o açaí e o tucupi.

Notícias Relacionadas


“O que foi chamada de postura culturalmente preconceituosa eu chamo de racismo alimentar. Justiça climática não existe sem equidade racial e o respeito as culturas alimentares originárias de um povo é central nessa discussão. É assim que organizações multilaterais/internacionais – chamem do que quiserem -, compreende que a vida tem que ser: pasteurizada pela indústria de alimentos, pelo agronegócio e grandes corporações que são os principais negociadores que tem sentado nessas mesas de negociação”, escreveu Bruna Crioula nas redes sociais, em repúdio ao racismo alimentar.

“Vitrine lobista como bem falou Tainá Marajoara (@iacitata_ ), pensadora e cozinheira indígena que nutro profunda admiração. A COP30 com suas polêmicas e incongruências passará. O que sempre existiu antes dela e seguirá resistindo para além é a cultura alimentar amazônica que é indígena, ribeirinha, quilombola e contracolonial”, destacou.

Agora, o novo edital ainda determina que pelo menos 30% dos insumos adquiridos venham da agricultura familiar e prioriza empreendimentos coletivos e sustentáveis, como cooperativas, associações, grupos quilombolas, povos indígenas, mulheres rurais e comunidades tradicionais da região.

Entenda o caso

A polêmica começou quando a versão inicial do edital listou alimentos e bebidas considerados de “alto risco de contaminação” e, por isso, proibidos no evento – entre eles, o açaí, o tucupi, sucos de fruta in natura e a maniçoba. A medida foi vista como um desrespeito direto à cultura paraense e gerou revolta na web, especialmente entre chefs e representantes da gastronomia local, o que fez a organização da COP30 voltar a atrás.

Em nota, a organização disse que as recomendações do edital valem apenas para os espaços oficiais da conferência, não se estendendo a outros pontos de Belém ou do Pará. Segundo o documento, a definição do cardápio é responsabilidade da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), que segue critérios da Vigilância Sanitária nacional e local, incluindo orientações sobre produtos alimentícios.

Os menus apresentados poderão passar por ajustes para atender às exigências do edital, como diversidade de alimentos e segurança dos participantes. Nesta terça-feira (19), será realizada uma audiência pública para ouvir os candidatos à operação da alimentação da COP30.

Para encerrar a publicação nas redes sociais em crítica à organização da COP30, Bruna Crioula relembrou uma frase do Nêgo Bispo: “Mesmo que queimem os símbolos, Não queimarão os significados. Mesmo queimando o nosso povo, Não queimarão a ancestralidade.”

Notícias Recentes

Participe de nosso grupo no Telegram

Receba notícias quentinhas do site pelo nosso Telegram, clique no
botão abaixo para acessar as novidades.

Comments

No posts to display