No Mano a Mano, Lula critica violência policial: ‘Não é ficar perseguindo a pessoa pela cor’

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No Mano a Mano, Lula critica violência policial: ‘Não é ficar perseguindo a pessoa pela cor’
Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o convidado do episódio mais recente do podcast Mano a Mano, apresentado por Mano Brown e Semayat Oliveira, que foi ao ar na última quinta-feira,19 d e junho. Em uma conversa gravada no Palácio da Alvorada, Lula falou sobre a realidade da juventude negra e periférica no Brasil, abordando especialmente a violência policial e as desigualdades que seguem matando os jovens.

Durante o episódio, Semayat Oliveira lembrou do Plano Juventude Negra Viva, lançado pelo governo federal, por meio do Ministério da Igualdade Racial, que busca a redução das vulnerabilidades que afetam a juventude negra brasileira e a violência letal alicerçada no racismo, questionando o presidente sobre ações para diminuir a violência: “Hoje, na periferia, a polícia age como se fosse inimigo. No bairro do pobre ela chega atirando, no bairro do rico ela chega perguntando. Porque nós estamos exigindo o uso da câmera? Porque ela vai tornar mais comedido o comportamento policial. Ele sabe que ele tá sendo vigiado, então ele tem que chegar e perguntar para as pessoas. Não é ficar perseguindo a pessoa pela cor, ou pelo bairro ou se a rua tem asfalto ou não. As pessoas têm que ter seriedade. É isso que nós queremos instruir”, disse Lula, ao defender a volta das câmeras corporais nos uniformes da polícia.

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“A questão da segurança é um problema no Brasil desde que me conheço por gente. Hoje, o policial é mal remunerado, anda armado e, de preferência, ele não quer saber da violência que ele pratica. Por isso estamos exigindo a volta das câmeras para que a gente saiba o que vai fazer”, afirmou.

Ao lembrar a demarcação de terras indígenas e de territórios quilombolas durante a conversa com Mano Brown, Lula afirmou: “Você sabe quantos territórios indígenas já liberamos? Quantos quilombolas estamos legalizando? Estamos dando cidadania a um povo que estava sem esperança nesse país. E isso é tudo muito complicado, porque você tem toda uma máquina estruturada criando dificuldade para fazer”, disse.

Além da segurança pública, Lula falou sobre o cenário político nacional e garantiu que será candidato à reeleição em 2026. “Se depender do meu esforço físico, da minha consciência política, a extrema direita não volta a governar esse país, pode ter certeza disso”, destacou. O presidente criticou a dificuldade em disputar espaço nas redes sociais diante das campanhas de desinformação. “Eu nunca vou esperar que um bolsonarista fale bem de uma política minha. Eu acho que ele vai sempre nos criticar, ele vai sempre dizer uma mentira, sempre vai contar uma inverdade. E nós temos que estar preparados para isso. Eu trato isso com muita tranquilidade. É um jogo que está sendo jogado.”

Lula também reforçou seu compromisso com uma campanha limpa: “Eu só posso te dizer uma coisa, eu não utilizarei as redes digitais para contar mentiras contra nenhum adversário. Não me peçam para fazer uma campanha mentirosa, que não faz parte da minha vida.”

Novas medidas sociais

O presidente aproveitou o episódio para anunciar novas medidas sociais. Ele prometeu uma linha de crédito para entregadores de aplicativos comprarem motocicletas elétricas, além de lançar um programa para financiamento de reformas habitacionais. Lula também garantiu que pretende incluir o gás de cozinha na cesta básica, permitindo que cerca de 17 milhões de famílias tenham acesso gratuito ao botijão.

“Ainda este mês tenho que anunciar um programa de crédito para reforma de casa. Porque às vezes você tem sua casinha e não quer uma casa nova, você quer fazer um quarto, quer fazer um banheiro novo.”

Sobre o preço do gás, o presidente criticou a diferença entre o valor de venda da Petrobras e o preço pago nas periferias: “Um gás de cozinha sai da Petrobras a R$ 37 o botijão de 13 quilos e chega às pessoas por R$ 140. Então, estamos encontrando um meio de fazer com que essas pessoas mais pobres recebam este gás de graça.”

Lula também falou sobre a necessidade de dialogar com a juventude brasileira e reconheceu que este público é um dos mais impactados pela falta de acesso e pelas desigualdades. “Conversar com a juventude brasileira é uma coisa séria. A juventude é muito mais vulnerável, é muito mais ousada, é muito mais rebelde. E nós precisamos conversar muito com a juventude, porque é ela quem vai construir o futuro desse país.”

Em resposta à jornalista Semayat Oliveira sobre a crise no INSS e o impacto nas pesquisas de opinião, Lula foi direto: “Quando sai uma denúncia de corrupção no meio do meu governo, é normal que no primeiro momento as pessoas pensem que foi no governo Lula, porque fomos nós que descobrimos. Eu tenho certeza que a gente vai melhorar na pesquisa, eu tenho certeza que o governo vai melhorar.”

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