A ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Vera Lúcia Santana, denunciou publicamente um episódio de racismo que sofreu ao tentar acessar um seminário da Comissão de Ética da Presidência da República na última sexta-feira (16), em Brasília. Convidada como palestrante, a ministra teve sua entrada negada por atendentes e um segurança do edifício onde acontecia o evento. Vera afirma que foi ignorada mesmo após se identificar e apresentar sua carteira funcional.

“É sempre como se fosse a primeira vez, essa é a realidade”, afirmou a ministra em entrevista à GloboNews na noite de quarta-feira (21). “Não é um enfrentamento fácil. É diferente de atuar como advogada ou no tribunal, na assistência do Ministério Público, fazendo uma representação por alguém que foi vítima de racismo. Desta vez, sou eu mesma.”

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A ministra relatou que chegou ao prédio do CNC Business Center, em Brasília, onde o seminário era realizado, e se identificou pelo nome. Diante da resposta de que não constava na lista, apresentou então a funcional de ministra substituta do TSE. Segundo ela, mesmo assim as atendentes não olharam o documento e pediram que ela ligasse para a organização. Um segurança foi chamado e também ignorou sua identificação oficial.

Somente após a intervenção de uma pessoa da equipe de suporte do evento, Vera conseguiu entrar. “Nada aconteceu como deveria ser de rotina num espaço civilizado, livre de preconceito. Foi muito sistemático. Nenhuma das três pessoas pegou a carteira que estava o tempo inteiro à disposição”, declarou à Folha.

A Comissão de Ética Pública lamentou o ocorrido e afirmou que não tem responsabilidade administrativa sobre o edifício. Já a Advocacia-Geral da União (AGU), que ocupa andares no prédio, abriu um procedimento administrativo e notificou a administradora do imóvel, requisitando a preservação de imagens de segurança.

Na sessão do TSE desta quarta-feira (20), a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, tornou pública a denúncia e reforçou: “Racismo é crime. Etarismo é discriminação. É inconstitucional, imoral, injusto qualquer tipo de destratamento em razão de qualquer critério que não seja o da dignidade da pessoa humana.”

Vera Lúcia afirmou que vai ingressar com ações nas esferas penal e civil. “Vou ajuizar tudo, reclamar tudo que devo fazer. É preciso dar visibilidade a determinadas ocorrências e que elas tenham um papel pedagógico. Esse papel passa pela responsabilização”, concluiu.

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