A discussão entre Trump e Zelensky é mais um episódio de demonstração da hostilidade do líder norte americano frente a um mundo que ele insiste em desejar que se curve frente a ele. Para quem estuda as masculinidades, Trump personifica o que conceitualmente chamamos de Masculinidade Hegemônica. Essa masculinidade que tem como característica o machismo em sua mais alta potência, cuja base é o poder e a manifestação social é a violência. No âmbito racial, a ocupação dessa masculinidade é branca. Para quem já acompanhou meus textos aqui, no Mundo Negro, já entendeu que os homens negros não podem e jamais poderão ocupar o lugar da hegemonia no campo das masculinidades.
Trump é consciente do poder que tem nas mãos e o superestima. Durante as eleições, ele usou de violência contra Kamala, colocando e acentuando os extremos da pirâmide de gênero e raça: homem branco, o que ocupa o topo da pirâmide e a mulher negra, que está na base da pirâmide. Após as eleições, todas as pautas relacionadas à diversidade são tratadas com hostilidade pelo governante do mais alto cargo do executivo dos EUA. O governo de Trump classifica as pautas acerca das questões étnico-raciais como “teoria racial crítica”, cortando, por exemplo, financiamento federal de escolas que tem em seus currículos temas como relações raciais.
Notícias Relacionadas



O episódio ocorrido na manhã desta sexta-feira no Salão Oval dos EUA mostra como Trump se sente superior por ocupar o cargo de presidente norte-americano. “Você tem que ser grato a mim”, diz Trump. Isso é a personificação de uma masculinidade falida e que se mantém pelo poder. Ainda que fossem dois homens brancos ali, protagonizando aquela cena, um deles estava no maior lugar de poder. E aqui, a ideia é que consigamos fazer a leitura do que significa a masculinidade hegemônica, protagonizada no mundo moderno por Trump, Musk e mais algumas figuras mundiais.
Luciano Ramos, Especialista em Masculinidades e Paternidades Negras e Diretor executivo do Instituto Mapear
Notícias Recentes


