Marcelo Leal lança IA inspirada no Baobá para otimizar a gestão de informações pelo WhatsApp

“As pessoas não serão substituídas pela IA, mas sim por outras que sabem utilizá-la.” A afirmação, feita pelo CPO da OpenAI, Kevin Weil, reflete um dos desafios que Marcelo Leal busca resolver com a Ilumia, uma plataforma de Inteligência Artificial integrada ao WhatsApp que visa democratizar o acesso à tecnologia.

Em entrevista à jornalista Silvia Nascimento, editora-chefe do Mundo Negro, Leal explica como a IA Generativa ainda está restrita a um grupo seleto e como sua ferramenta pode ampliar esse acesso: “Quando comparamos os 200 milhões de brasileiros que usam WhatsApp com o número de usuários de IA, vemos um abismo enorme, deixando muita gente de fora dessa tecnologia”, afirma. Para ele, a Ilumia não apenas torna a IA mais acessível, mas permite que mais pessoas “se incluam na tecnologia e, por extensão, se fortaleçam na sociedade por meio dela”.

A Ilumia foi desenvolvida com base no conceito de Recuperação Aumentada com Geração (RAG) e transforma o WhatsApp em um assistente inteligente capaz de organizar, buscar e gerar conhecimento de forma personalizada. Sem necessidade de novos aplicativos, a ferramenta facilita tarefas como a busca por documentos, a transcrição de áudios e a geração de conteúdo, tornando a IA mais funcional para o dia a dia de profissionais e empresas.

1. A Ilumia nasceu de um processo de experimentação com IA Generativa. Como surgiu a ideia e quais desafios você enfrentou no desenvolvimento do produto?

Na realidade, a ideia nasceu durante minhas primeiras interações com IA generativa, quando percebi que as “alucinações” (falta de referências confiáveis) e a ausência de contexto pessoal limitavam muito o potencial da ferramenta. Ao ler sobre RAG (Retrieval-Augmented Generation) no artigo “Retrieval-Augmented Generation for Knowledge-Intensive NLP Tasks”, vi que permitir ao usuário “enriquecer” a IA com seu próprio contexto solucionaria esses problemas.

Assim, comecei a criar um sistema RAG para uso pessoal e profissional, alcançando resultados tangíveis em busca semântica e geração de conteúdo baseada na minha própria base de conhecimento. Ao pesquisar soluções no mercado, encontrei opções escassas, pouco amigáveis e que obrigavam o usuário a instalar mais um app.

Foi então que decidi desenvolver a Ilumia como um produto dentro da IFÁ Insights, um sistema RAG diretamente no WhatsApp, um aplicativo que já é de conhecimento das pessoas e não adicionaria fricção para a adoção da Inteligência Artificial no dia a dia.
Embora eu tenha liderado a concepção e o desenvolvimento da Ilumia, acredito profundamente na força da colaboração e já estou expandindo a equipe, esperando crescer ainda mais em breve.

2. O acesso à Inteligência Artificial ainda é limitado para muitas pessoas. Como a Ilumia pode ajudar a democratizar essa tecnologia?

Quando olho os números da adoção da IA Generativa — ou da maioria das inovações —, percebo que ela acaba ficando restrita a um grupo de pessoas; dentro desse universo reduzido, parece que “todas” já estão aproveitando a vantagem competitiva de estar na vanguarda.

Mas isso não reflete a realidade. Chegamos a 8 bilhões de pessoas no mundo, e, quando comparamos os 200 milhões de brasileiros que usam WhatsApp com o número de usuários de IA, vemos um abismo enorme, deixando muita gente de fora dessa tecnologia.

Um dos principais objetivos da Ilumia é justamente alcançar quem não pode mais ver a IA Generativa como “opção”, mas como uma necessidade para continuar competitivo.
Dias atrás, em uma reunião com Kevin Weil (CPO da OpenAI), ele comentou que “as pessoas não serão substituídas pela IA, mas sim por outras que sabem utilizá-la”.
Espero, portanto, que a Ilumia ajude especificamente essas pessoas a se incluírem na tecnologia e, por extensão, a se fortalecerem na sociedade por meio dela.

3. A Ilumia funciona diretamente no WhatsApp. O que motivou essa escolha e quais benefícios ela traz?

Conforme já mencionei, minha primeira vivência com IA generativa evidenciou a carência de contexto pessoal e referências confiáveis (alucinações).

Ao me aprofundar no conceito de RAG (Retrieval-Augmented Generation), ficou claro que enriquecer a IA com dados do próprio usuário resolveria esse problema. Assim, optei por integrar essa abordagem diretamente ao WhatsApp, pois é uma ferramenta familiar e acessível, reduzindo a fricção de adoção.

O principal desafio foi garantir uma experiência fluida e amigável, sem exigir que as pessoas baixassem outro app ou lidassem com plataformas complexas — algo que só se tornou viável ao unir IA, RAG e uma interface já enraizada na rotina de milhões de brasileiros.

4. Empreender no Brasil, especialmente no setor de tecnologia, traz desafios. Como foi o processo de financiamento da Ilumia e quais foram as principais barreiras?

Sem dúvida, o acesso a financiamento e a linhas de crédito no Brasil não é simples, principalmente para empreendedores negros.

Eu venho de um ambiente de startups, onde iniciei minha carreira trabalhando com Open Source, participando de momentos disruptivos como a migração do mainframe para o cliente/servidor, a virtualização e, depois, a nuvem.

Já há algum tempo eu queria voltar ao ecossistema de startups e trabalhar com IA Generativa, e no final do ano passado tomei a decisão de embarcar na visão que tive para este produto.

Acredito que as escolhas nunca são 100% racionais ou emocionais — é sempre um equilíbrio que permite avançar sem paralisar pelo excesso de cautela nem se arriscar de forma irresponsável.

Também me organizei para ter um início de lançamento em que pudesse dedicar tempo total ao desenvolvimento do produto, mas, sem dúvida, estou de olho em investimentos e financiamentos.

Minha intenção, porém, não é “vender a empresa” antes de começar efetivamente: percebo que alguns investidores que me abordaram buscam mais um “empregado” do que uma parceria de ganhos mútuos, e esse tipo de relação não me interessa.

Quero algo que acrescente valor ao negócio e preserve a essência do que estou construindo.

5. A Ilumia tem um conceito forte de conhecimento contínuo, representado pelo Baobá. Como essa simbologia se conecta ao produto?

O Baobá, também conhecido como “Árvore da Vida” em muitas regiões da África, pode viver por centenas ou até milhares de anos, sendo símbolo de resistência e sabedoria.
Nessa perspectiva, ele carrega o conhecimento de gerações e inspira uma cultura de compartilhamento e continuidade.

A Ilumia se abriga justamente nessa ideia de força e longevidade: assim como o Baobá “armazenaria” histórias e ensinamentos ao longo do tempo, a Ilumia busca preservar e organizar informações de modo que cada usuário construa, de forma segura e acessível, sua própria “Árvore do Conhecimento” pessoal ou coletiva.

Quem quiser conhecer mais sobre o produto, pode entrar em para lista vip pelo site https://go.ailumia.ai/pt-br e ter acesso prioritário.

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