Água e educação: Desigualdade racial marca acesso à água potável em escolas brasileiras

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Água e educação: Desigualdade racial marca acesso à água potável em escolas brasileiras
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Mais um ano se iniciando, e com ele os problemas de gestão pública seguem alarmantes, mais de um milhão de alunos em escolas sem água potável. 440 mil estudantes estão matriculados em colégios sem banheiro no Brasil. Os alunos indígenas e negros são os mais prejudicados. Os dados são do estudo ‘Água e Saneamento nas Escolas Brasileiras: Indicadores de Desigualdade Racial’ a partir do Censo Escolar.

A desigualdade racial se manifesta de forma cruel na questão do acesso à água nas escolas brasileiras. Dados do Instituto de Água e Saneamento e do Cedra apontam que 1,2 milhão de estudantes, principalmente negros, estudam em escolas sem água potável. Essa disparidade se acentua quando analisamos a composição racial das escolas: aquelas com mais de 60% de alunos negros apresentam um déficit de água muito maior. A pesquisa sugere que essa desigualdade está profundamente enraizada em questões históricas e estruturais de racismo e desigualdade social no Brasil.

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O estudo revela uma disparidade alarmante: estudantes em escolas predominantemente negras têm sete vezes mais chances de não ter acesso a água potável em comparação com aqueles em escolas predominantemente brancas. Dos 1,2 milhões de alunos sem água potável, a maioria (768,6 mil) está em escolas com maioria negra. 

A falta de alimentação e água potável em uma escola impacta significativamente a vida de um estudante, tanto no curto quanto no longo prazo. As consequências podem ser diversas e abrangentes, afetando desde o desempenho escolar até a saúde física e mental.

Saneamento básico

A pesquisa avalia não apenas o acesso à água potável, mas também a disponibilidade de banheiros, coleta de lixo e esgoto em escolas de todas as etapas da educação básica. Os resultados revelam uma disparidade racial significativa: mais da metade dos alunos em escolas predominantemente negras (52,3%) enfrenta a falta de pelo menos um desses serviços, enquanto nas escolas predominantemente brancas esse índice é de apenas 16,3%.

Segundo o estudo, os serviços de saneamento são condições essenciais à dignidade humana, “e sua ausência nas unidades educacionais certamente afeta a aprendizagem dos estudantes. Portanto, a falta desses serviços é mais um obstáculo na trajetória educacional dos estudantes negros e constitui-se em uma camada adicional a ser somada às tantas outras que formam o amplo e complexo panorama da desigualdade racial na educação”, diz o texto. 

A análise racializada dos dados revela uma complexa dinâmica de desigualdade. Escolas com predominância de estudantes negros apresentam, em média, infraestrutura de água e saneamento inferior. No entanto, ao olhar mais de perto, percebe-se que essa desigualdade se manifesta de forma ainda mais acentuada quando se compara a situação de estudantes negros em escolas predominantemente brancas: eles se concentram nas escolas com as piores condições dentro desse grupo. Em contrapartida, estudantes brancos em escolas predominantemente negras tendem a estar nas melhores escolas deste grupo, evidenciando uma dupla desigualdade racial.

Fonte: Agência Brasil

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Kelly Baptista, atualmente Diretora Executiva da Fundação 1 bi e Top Voices no Linkedin. Atua a mais de 23 anos em diversas organizações sociais impactando milhões de jovens, mulheres e crianças, com trabalhos reconhecidos e certificados por órgãos nacionais, internacionais e governos. Gestora Pública pela UNIFESP e Consultora, membra de alguns conselhos de organizações sociais e colunista do Site Mundo Negro o maior portal de conteúdo para negros do país. Entre 2017-2019 foi eleita Conselheira de Políticas para Mulheres da cidade de São Paulo e em 2014 por um programa de fortalecimento em questões de gênero e juventude da ONU Mulheres, foi eleita uma das 25 Jovens Mulheres Líderes,mais promissoras. Membra da Rede de Líderes da Fundação Lemann, que reúne um grupo de pessoas extraordinárias, que exercem liderança, com grande potencial de mudar o Brasil e que já estão agindo para transformá-lo em um país mais justo e avançado Na Fundação 1 bi utiliza o poder das ferramentas digitais e da EDUCAÇÃO para promover oportunidade para jovens brasileiros. Tem a responsabilidade de liderar um time inovador que desenvolve tecnologias gratuitas para milhões de alunos e professores da rede pública e organizações sociais do Brasil.

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