“Temos que ser mais do que aliados na causa”: Juliana Carvalho da Unilever celebra avanço pela equidade racial na empresa

Assumir uma posição de liderança corporativa, significa dedicar energia à construção do futuro de uma organização, com responsabilidade para transformar a estrutura e a cultura, visando entre os compromissos, a promoção da diversidade racial. É deste modo que Juliana Carvalho, Diretora do Marketing de Cuidados para a Casa para as Américas da Unilever, tem trabalhado na empresa.

Em novembro, Juliana integrou o squad da Escola de Marketing Antirracista (EMA), criado pela Unilever. Cerca de 350 pessoas funcionárias de Marketing frequentaram cerca de 40 horas de formação. O programa da escola foi desenhado com um currículo robusto, incluindo, módulos teóricos e práticos, mentorias e momentos de imersão presencial.

“Aprendi muito durante essa formação. Não somente como aluna da Escola, mas, principalmente como co-criadora das temáticas que precisaríamos abordar com mais profundidade para o combate ao racismo estrutural. Temos que ser mais do que aliados na causa. Me vejo com a responsabilidade de liderar essa mudança tão necessária ao negócio da empresa, pois estamos falando de conexões mais potentes com 56% da população brasileira”, disse Juliana em entrevista ao Mundo Negro

Leia a entrevista completa abaixo:

Parte do squad de EMA se reuniu, na última aula, no escritório da Unilever. Da esquerda para direita, em pé, Daniele Mattos (Indique), Juliana Carvalho (Unilever), Cleyvianne Campos (Unilever), Aretha Teodoro (Indique), Bianca Flores (Indique), Paula Weinberg (Oliver Press), Patricia Hidaka (Oliver Press), Lilian Santos (Unilever), Verônica Dudiman (Indique), Marina Sá (Oliver Press) e Tamara Oliveira (Unilever). Da esquerda para direita, sentados: Vinicius Araujo (Unilever), Isabela Gripp (Unilever), Ana Paula Franzoti (Unilever), Luana Pereira (Unilever), Juliana Oliveira (Oliver Press) e Ana Carolina Valentim (Unilever). (Crédito: Arthur Nobre/MM)

1. Como você atribui sua posição de liderança corporativa com a responsabilidade de fomentar mudanças estruturais em prol da equidade racial? Quais têm sido os maiores desafios?

Um líder precisa ter uma parte muito significativa da sua energia dedicada à construção do futuro da organização e, principalmente, no desenvolvimento dos times. Nesse sentido, me vejo numa grande responsabilidade na geração desse senso de urgência para transformação da nossa estrutura e cultura, para que elas sejam cada vez mais diversas e inclusivas. Isso vai nos propiciar oferecer soluções ainda melhores a um mercado de mais de 110 milhões de pessoas negras. Segundo dados do Movimento Black Money, isso é mais do que toda a classe A movimenta em nosso país. A equidade racial se faz necessária como reparação histórica, mas também como grande oportunidade de crescimento para o nosso negócio.

Dentro dessa jornada contínua pela equidade racial, estamos evoluindo na composição de uma liderança mais diversa, mas há ainda muito a ser feito. Atualmente, na Unilever Brasil,  um dos nossos maiores desafios  está em reconhecer os vieses inconscientes da estrutura e, assim, mobilizá-la para ações e decisões em conjunto, de forma afirmativa, acelerando essa transformação. 

2. A partir de sua experiência na Unilever, que estratégias têm sido implantadas para criar um ambiente corporativo mais inclusivo e diverso? 

Uma das principais estratégias têm sido intencionalmente dedicar à diversidade racial em todos os programas de recrutamento para posições de entrada na Unilever, que há 4 anos consecutivos tem 60% ou mais das posições ocupadas por pessoas autodeclaradas negras. Isso tem contribuído na formação de times mais diversos, mas ainda temos uma jornada até a transformação que consideramos necessária. Nossa ambição é acelerar essa mudança nas posições de liderança. Acreditamos que o impacto da diversidade será assim, ainda maior no nosso negócio.

Parte do squad durante a realização da Escola de Marketing Antirracista. (Crédito: Divulgação)

3. Como o conceito de interseccionalidade tem guiado suas iniciativas de inclusão e diversidade, especialmente ao considerar a situação de mulheres negras no ambiente corporativo?

A agenda de diversidade e inclusão é uma jornada constante na Unilever. Há mais de quinze anos, a companhia deu início à jornada de imersão nos desafios e oportunidades para alavancar essa agenda, construindo repertório de conhecimento e reconhecimento sobre onde estavam as lacunas e como podemos superá-las. Desde então, temos alcançado resultados significativos. Exemplo disso é o nosso percentual de mulheres em cargos de liderança: em 2018, a Unilever Brasil superou a meta global da companhia de ter 50% de mulheres em cargos de liderança, alcançando 53% naquele ano. Hoje, esse índice corresponde a 54%.

Vale ressaltar ainda que seguimos em um caminho progressivo, trabalhando não só a dimensão de gênero, mas também a interseccionalidade, pois este fator nos ajuda a avançar em todas as dimensões da diversidade, equidade e inclusão simultaneamente.

4. Quais recursos ou ferramentas você indicaria para líderes corporativos interessados em se educar sobre questões raciais e, ao mesmo tempo, atuar como aliados eficazes na luta antirracista?

Desde o início da sua jornada na luta antirracista em 2017, a Unilever aliou-se a parceiros como a Faculdade Zumbi dos Palmares, a Afrobras, a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial e ao Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), entre outros. Portanto, acredito que este é um passo fundamental: contar com aliados certos e que tenham essa maior profundidade para nos guiar, quebrando nossos vieses inconscientes. Posso dizer que fui, por muitas vezes, aluna em encontros com essas organizações, promovidos para a Unilever. Tentei aproveitar, ao máximo, as sensibilizações, letramentos ou capacitações conduzidas pelas entidades que citei.

Nesse compromisso contínuo com a agenda racial, a Unilever mais uma vez contou com parceiros externos, a Indique uma Preta e a Oliver Press, para criar um grande programa afirmativo na formação de todos os times de Marketing da Unilever Brasil. Lançamos a EMA: Escola de Marketing Antirracista. Durante oito meses, entre março e novembro deste ano, 350 pessoas funcionárias de Marketing – dos níveis de estágio à coordenação – frequentaram a EMA. Foram ministradas cerca de 40 horas de formação na modalidade híbrida. 

Mais de 30 profissionais atuaram como professores da escola com uma abordagem inédita, em que seu programa revisa toda a cadeia do marketing sob a ótica antirracista, abrangendo desde a valorização das negritudes, antropologia do consumo, semiótica, pesquisa e desenvolvimento de produtos, relacionamento com comunidades até a comunicação nos pontos de venda. Ao longo da jornada, 15 projetos das nossas marcas foram acelerados a partir das mentorias com Felipe Silva, Founder e CCO da agência GANA. Tudo isso com uma curadoria feita por nossos parceiros de professores e profissionais do mercado que estão atuando como agentes dessa transformação. Por meio da EMA, a Unilever tem o propósito de promover uma transformação significativa nas práticas internas da empresa, com ações cada vez mais afirmativas, ao mesmo tempo em que busca impactar de forma positiva o mercado e a sociedade.

5. Enquanto uma mulher branca, como você avalia a sua experiência na squad da Escola de Marketing Antirracista?

Aprendi muito durante essa formação. Não somente como aluna da Escola, mas, principalmente como co-criadora das temáticas que precisaríamos abordar com mais profundidade para o combate ao racismo estrutural. Temos que ser mais do que aliados na causa. Me vejo com a responsabilidade de liderar essa mudança tão necessária ao negócio da empresa, pois estamos falando de conexões mais potentes com 56% da população brasileira. Acredito que tudo nasce da consciência das pessoas sobre essa oportunidade e responsabilidade. A Escola de Marketing Antirracista é sobre isso. Como conscientizar, capacitar e mobilizar para ação toda a nossa comunidade de Marketing que tanto impacto pode promover em nossa sociedade através de inovações e engajamento com as várias comunidades do nosso Brasil tão diverso.

Esse é um conteúdo pago por meio de uma parceria entre a Unilever e o site Mundo Negro.

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