A cientista Carika Weldon, natural das Bermudas, está transformando o panorama da pesquisa genética no Caribe com a CariGenetics, empresa que fundou em 2022 e que já é referência em genômica na região. Primeira do tipo liderada por mulheres no Caribe, a empresa utiliza a diversidade genética local para desenvolver soluções de saúde adaptadas às necessidades das comunidades caribenhas e da diáspora.
“A diversidade genética do Caribe é um tesouro de informações”, afirmou Weldon. A CariGenetics se dedica a problemas de saúde prevalentes na região, como anemia falciforme e cânceres de mama e próstata, com foco na medicina de precisão. Essa abordagem, que adapta tratamentos com base no perfil genético de cada paciente, busca substituir o modelo tradicional de “tamanho único” por intervenções mais eficazes e econômicas: “O primeiro problema é que todos os medicamentos no mercado hoje foram projetados com base em dados genéticos europeus, representando apenas 15% da população mundial. Isso significa que 85% do mundo, incluindo nós no Caribe, não são atendidos quando se trata de medicamentos”, apontou.
Notícias Relacionadas
Rebeca Andrade destacou-se como a personalidade mais buscada pelos brasileiros no Google em 2024
Educador transforma Papai Noel com roupas africanas no projeto “Empretecendo o Natal”
Um marco recente da empresa foi o Caribbean Breast Cancer Whole Genome Pilot Study, o primeiro estudo genômico sobre câncer de mama na região. Concluído localmente com 102 participantes, o projeto identificou tendências genéticas inéditas que podem transformar os diagnósticos e tratamentos futuros.
A visão de Weldon para a CariGenetics também inclui a capacitação de cientistas locais e a reconstrução da confiança nas comunidades negras, historicamente impactadas por práticas antiéticas na ciência, como no Experimento Tuskegee e no caso de Henrietta Lacks. “Se tivéssemos mais cientistas e médicos negros, poderíamos ter evitado injustiças como essas”, destacou a pesquisadora.
Inspirada por iniciativas de mapeamento genético na Islândia, Weldon fundou a CariGenetics após perceber lacunas na infraestrutura científica do Caribe durante a pandemia de COVID-19. “Com a pandemia, percebi que precisávamos de mais cientistas e pesquisas genéticas no Caribe. Estávamos tão atrasados que enviávamos amostras para um único laboratório em Trinidad para toda a região”, relembrou.
Entre as inovações da empresa fundada por Carika Weldon está o uso de bio-NFTs, que permitem aos participantes serem proprietários de seus dados genéticos e até monetizá-los. Para o futuro, a empresa planeja expandir sua atuação para outros países caribenhos e novas áreas de pesquisa, como câncer de próstata, reforçando seu compromisso com a inclusão e o avanço científico na região.
Com informações da revista Essence.
Notícias Recentes
Projeto Paradiso e Empoderadas anunciam residência para roteiristas negras na Espanha
Médico recém-formado é condenado a pagar R$ 550 mil por fraude em cotas raciais na UFAL