Procurando filmes sobre histórias reais para assistir no Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro? Recentemente, o projeto ‘Narrativas Negras Não Contadas – Black Brazil Unspoken’, lançou três curtas documentais dirigidos por cineastas negros, já disponíveis no catálogo de streaming da Max.
O filme ‘Favela Turística’ acompanhou três moradores da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, para discutir a relação do território com o turismo de estrangeiros. Com opiniões diferentes, Magda Gomes, moradora e pesquisadora de assuntos urbanos, é contra a objetificação da vida na favela, enquanto Rubinho, um guia turístico residente é a favor, e Antonio Carlos Firmino, ativista e fundador do Museu Sankofa, propõe uma interessante alternativa ao turismo predatório.
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O diretor Robson Dias, enquanto um homem negro e periférico, trouxe uma perspectiva crítica de cada entrevistado para reflexão. Ele gravou seu primeiro curta sobre esse tema na faculdade, em 2008. Se mudou para França em 2015 para obter o título de mestre em documentário pela Aix-Marseille Université, e acaba de lançar seu novo curta questionando o turismo nas favelas.
“Hoje, minha perspectiva se divide entre ser morador da favela — porque, como dizem, a gente sai da favela, mas a favela não sai da gente — e ser cidadão francês, com minha filha, minha vida e meus negócios estabelecidos lá. Essa experiência me dá uma amplitude de abordagem muito singular, pois consigo ver tanto o ponto de vista do morador quanto o do estrangeiro”, garante o cineasta.
Já o outro filme lançado com apoio do projeto aborda o brega funk, um gênero musical em ascensão no Brasil, que não sai das paradas musicais e tem transformado histórias. Entre elas, a de três jovens negros das periferias de Recife (PE), dois dançarinos e um produtor musical, que buscam pela grandeza da profissionalização.
O documentário ‘Brega Funk, Ritmo e Sobrevivência’ mostra que, enquanto eles lutam pelo sonho de trabalhar apenas como dançarinos, Lucas da Silva “Ninho” e Josias Carvalho “Nego Baia” também trabalham como entregador e mecânico, respectivamente. Como produtor, Marley no Beat impulsiona não só a sua carreira na indústria, como a de outros artistas.
“Documentar a vivência desses jovens que aspiram ser bailarinos profissionais dentro das periferias do Recife, ou em qualquer outra periferia do mundo, deixa claro que temos dentro de nós, enraizado, uma história de resistência e transformação a partir da permanência e manutenção da cultura”, afirma o diretor Will Souza.
“Historicamente, a dança foi e é uma expressão vital nas comunidades negras ao redor do mundo, remontando ao período da diáspora africana, onde a dança serve como uma forma de preservar tradições, contar histórias e afirmar identidades em meio à opressão. Com a institucionalização da dança, surgiram padrões eurocêntricos que frequentemente excluem a participação e a expressão dos corpos negros”, reflete.
Para Will, o documentário visibiliza e honra os desafios enfrentados pelos jovens que “ainda se deparam com estereótipos, preconceitos e barreiras de acesso dentro de uma indústria musical que lucra e publicita o resultado desse esforço”.
“Essa prática não apenas registra, mas também legitima suas histórias, permitindo que o legado cultural dos povos negros se expanda e se solidifique em espaços artísticos. A intenção é que se abra espaço para que a dança se torne um campo mais inclusivo, onde todas as identidades possam florescer e contribuir para a riqueza cultural da arte, mas sem ignorar a importância de incentivar, reconhecer e remunerar quem sonha em subir no palco”, conclui.
Já o filme ‘Primavera só Floreia em Solo Fértil’ aborda a luta pela preservação da cultura do futebol de várzea, que movimenta a paixão pelo esporte nas periferias, além da socialização, o lazer, a educação e a economia. No entanto, a diretora Laís Ribeiro mostra como as comunidades estão perdendo seus espaços comunitários para a especulação imobiliária, ao documentar a história de luta do time Sociedade Esportiva Vila Primavera, da zona leste de São Paulo, fundado em 1955.
A cineasta entrevistou o seu avô, Giba, presidente veterano do Primavera, para contar a história do time. Ribeiro passou, praticamente, a vida inteira nesse campo de futebol perdido na Vila Primavera/Sapopemba e agora um mercado foi construído no local. Com essa produção, Laís pretende incentivar a luta de outros clubes.
“Eu acredito que o ‘Primavera só Floreia em Solo Fértil’ aborda questões que muitas vezes não são debatidas no âmbito público com a atenção que deveriam ter. Quando uma várzea morre, vão com ela sonhos, a criação de laços comunitários, opções de esporte e lazer, promoção de saúde e morre também uma parte da cultura do futebol, daqueles que amam jogar e o esporte, mas não são necessariamente jogadores profissionais”, disse a diretora.
“Eu espero que a luta desse curta incentive outras várzeas, que não tem tanto poder político ou financiadores, a lutarem pelas suas memórias e pela continuidade de suas existências. É um movimento possível e necessário!”, finaliza otimista.
O projeto ‘Narrativas Negras Não Contadas – Black Brazil Unspoken’ é uma iniciativa da Warner Bros. Discovery Access. Com o objetivo de apoiar criadores negros brasileiros em início de carreira no audiovisual, o projeto oferece recursos e incentivos em um setor que ainda enfrenta a sub-representação, para impulsionar a entrada no mercado nacional.
“Há uma esperança renovada de que o mercado finalmente compreenda que não somos um nicho, mas uma praça prioritária de consumo, criteriosa e interessada nas nossas próprias histórias e narrativas”, celebra Robson Dias.
Esse é um conteúdo pago por meio de uma parceria entre a Warner Bros. Discovery e site Mundo Negro.
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