Na última sexta-feira, 24, o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo inaugurou a exposição “Línguas Africanas que Fazem o Brasil”, sob a curadoria do músico e filósofo Tiganá Santana. A mostra revela a profunda influência das línguas africanas no português falado, escrito e vivido no Brasil, destacando palavras como “fofoca”, “canjica”, “moleque”, “marimbondo” e “caçula”, todas de origem africana.
A exposição propõe uma imersão nas formas verbais e não verbais das línguas africanas, utilizando vídeos, sons e instalações para que os visitantes possam sentir e entender essas influências em diversos aspectos culturais. “É impossível falar de línguas africanas no Brasil sem considerar essas outras dimensões de linguagem e as implicações do corpo nisso”, afirmou o curador Tiganá Santana em entrevista para a Agência Brasil. Ele destaca que a exposição vai além das palavras, abrangendo tambores, arquitetura, estampas e o jogo de búzios como formas de expressão linguística.
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Santana explica que a exposição também aborda a integração das línguas africanas com o português através dos escravizados ladinos, crioulos e mulheres negras que atuavam como pontes culturais. A presença africana no Brasil, resultante do sequestro de cerca de 4,8 milhões de africanos entre os séculos 16 e 19, é destacada na mostra, que discute a ausência do ensino dessas línguas nos currículos brasileiros.
A exposição começa com 15 palavras africanas impressas em estruturas ovais de madeira, acompanhadas por gravações das vozes de moradores da região da Estação da Luz. Adinkras, símbolos utilizados pelo povo Ashanti, decoram as paredes e representam diversos aspectos culturais. Duas videoinstalações da artista visual Aline Motta, esculturas, tecidos e uma obra do multiartista J. Cunha complementam o percurso expositivo, oferecendo uma rica experiência sensorial e educativa.
Encerrando a exposição, televisores exibem manifestações culturais afro-brasileiras, enquanto uma sala interativa surpreende os visitantes com projeções artísticas ao som de palavras como “axé” e “zumbi”. Além da exposição, haverá uma programação paralela com clubes literários e saraus, enriquecendo ainda mais a experiência cultural.
“Línguas Africanas que Fazem o Brasil” ficará em cartaz até janeiro do próximo ano, com entrada gratuita aos sábados. Mais informações podem ser obtidas no site do Museu da Língua Portuguesa.
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