As recentes inundações no Rio Grande do Sul expuseram de forma contundente as desigualdades raciais e socioeconômicas no estado. Dados do Observatório das Metrópoles e do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) comprovam com dados, o que muitos já apontavam: as populações negras, quilombolas e indígenas estão entre as mais afetadas por este desastre climático.
Um mapa divulgado pelo Observatório das Metrópoles mostra que as áreas com maior concentração de população negra coincidem significativamente com as regiões sujeitas a inundações. Porto Alegre e municípios adjacentes, como Alvorada e Viamão, apresentam altos índices de residentes negros em zonas de risco. Essas áreas, demarcadas em tons de vermelho no mapa, evidenciam uma vulnerabilidade ambiental acentuada.
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Complementando essa análise, a nota técnica do Icict/Fiocruz destaca que 240 favelas, 40 comunidades quilombolas e cinco aldeias indígenas foram diretamente atingidas pelas inundações. O documento estima que mais de 2,5 milhões de pessoas foram afetadas e 1,3 milhão de residências estão em zonas de risco. As comunidades quilombolas e indígenas, já historicamente marginalizadas, enfrentam agora desafios adicionais, como a desassistência em saúde devido ao impacto nos serviços básicos.
DESIGUALDADE ESTRUTURAL E A NECESSIDADE DE POLÍTICAS PÚBLICAS
A sobreposição de vulnerabilidades ambientais e raciais indica uma desigualdade estrutural profunda. As populações negras, quilombolas e indígenas não só habitam áreas mais suscetíveis a desastres naturais, mas também enfrentam maiores barreiras no acesso a serviços de saúde e infraestrutura adequada, o que também pode ser denominado racismo ambiental.
“Tentamos fazer um diagnóstico da situação de saúde e os primeiros impactos. Precisamos entender qual é o nível de desassistência da população e como ficou a estrutura de atendimentos de saúde. É preciso pensar que há portadores de doenças crônicas, por exemplo, que precisam de atendimento contínuo, e com problemas de saúde que podem se agravar”, explica o pesquisador do Observatório de Clima e Saúde, Diego Xavier.
A situação atual destaca a importância de políticas públicas que abordem diretamente essas desigualdades. Os governos municipais, estaduais e federais precisam de estratégias de mitigação de riscos ambientais e de adaptação às mudanças climáticas que incluam essas comunidades vulneráveis. Programas de melhoria de infraestrutura, acesso a serviços de saúde e moradia segura são fundamentais para reduzir a exposição a riscos e promover a equidade social.
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