A ampla adoção do trabalho híbrido abriu caminho para mulheres de minorias étnicas (negras) se candidatarem a posições de liderança dentro das empresas
Muito se discute sobre o home office, principalmente após grandes multinacionais adotarem o modelo remoto de forma definitiva. O mercado entra neste debate como se esta fosse a realidade da maior parte dos trabalhadores, mas sabemos que essa realidade se restringe a raça e classe.
Pesquisa recente aponta que 66% das mulheres dizem que o trabalho híbrido abriu novas oportunidades no trabalho que de outra forma não teriam, aumentando para 73% das mulheres em grupos minoritários.
Mulheres em grupos minoritários relatam impacto tangível no crescimento profissional como resultado do trabalho híbrido, tornando-as mais eficientes (44%), dando-lhes tempo para participar de treinamentos adicionais para apoiar sua carreira (29%) e aumentando sua visibilidade com a alta liderança (32%).
O relatório “Avançando na Igualdade: Mulheres no Ambiente de Trabalho Híbrido”, produzido pelo IWG, uma autoridade global em soluções de espaços de trabalho flexíveis, como coworkings e escritórios, revela que a adoção generalizada do modelo de trabalho híbrido tem facilitado o acesso de mulheres pertencentes a minorias étnicas, incluindo mulheres negras, a oportunidades de liderança nas empresas. A pesquisa, que contou com a participação de mais de 1.000 trabalhadoras em regime híbrido, constatou que a flexibilidade proporcionada por esse modelo de trabalho incentivou mais da metade delas (53%) a buscar promoções ou candidatar-se a posições de maior responsabilidade. Este número é ainda mais expressivo entre as mulheres de minorias étnicas, alcançando mais de três em cada cinco (61%), um indicativo positivo para o progresso da igualdade no ambiente corporativo.
A pesquisa também revela que o modelo de trabalho híbrido proporcionou novas oportunidades para aproximadamente 73% das mulheres pertencentes a grupos minoritários, oportunidades essas que provavelmente não surgiriam de outra forma. Cerca de dois terços (67%) dessas mulheres consideram que essa modalidade de trabalho contribuiu para igualar as chances de avanço profissional, e 70% percebem que tornou o ambiente de trabalho mais inclusivo. Este estudo foca em mulheres que se identificam como parte de um grupo minoritário, incluindo LGBTQIA+, pessoas com deficiência, ou de minorias étnicas.
Adicionalmente, a vasta maioria das mulheres (89%) reportou que o trabalho híbrido facilitou a obtenção de um equilíbrio mais saudável entre as obrigações profissionais e os compromissos familiares. A economia de tempo nos deslocamentos diários permitiu que mais de um terço delas (38%) dedicasse mais tempo a interesses pessoais fora do ambiente de trabalho.
Consequentemente, o relatório indica um aumento no número de mulheres fazendo escolhas significativas de carreira, como a mudança de emprego ou de setor. Em busca de maior flexibilidade, muitas optaram por mudar completamente de área, com 43% das mulheres afirmando que o trabalho híbrido facilitou sua transição para uma nova indústria. Mulheres de grupos minoritários destacam que o crescimento profissional alcançado por meio do trabalho híbrido as tornou mais produtivas e eficientes (44%), ampliou seu conhecimento sobre diferentes funções dentro de suas empresas (49%) e aumentou sua visibilidade junto à alta liderança (32%).
É importante considerar que as mulheres mencionadas neste estudo, atuantes no setor de serviços e em posições executivas, possuem um nível de educação e condições de moradia que facilitam a adoção dessa forma de trabalho. Surge, então, a questão: esse segmento da pesquisa reflete a realidade da maioria das mulheres negras nas organizações? Nos referindo às posições operacionais, onde as tarefas não envolvem o uso de computadores, mas sim atividades como servir café ou recepcionar, é necessário um olhar mais atento e esforços para promover a ascensão de outras mulheres.