Uma edição atualizada dos “Indicadores de Qualidade na Educação – Relações Raciais na Escola – Antirracismo em Movimento” foi lançada no dia 12 de dezembro, em Brasília, e oferece recursos que se apresentam como uma ferramenta essencial para que escolas avaliem suas práticas antirracistas. Desenvolvida pela ONG Ação Educativa, a publicação oferece um instrumento valioso para que as instituições educacionais realizem uma autoavaliação abrangente de suas abordagens em relação ao antirracismo. As escolas podem acessar o manual através do site da ONG (CLIQUE AQUI).
A publicação se baseia em um conjunto de perguntas distribuídas em sete questões principais. Estas incluem desde o relacionamento e atitudes racistas até a gestão democrática, passando pelo currículo, recursos didáticos, acompanhamento dos alunos, atuação dos profissionais de educação e a relação da escola com o território.
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O lançamento desta edição foi possível graças ao apoio do Projeto SETA, em parceria com a Unicef, Ministério da Igualdade Racial e Ministério da Educação. Disponível para acesso no site da Ação Educativa a partir de hoje, esta edição não apenas fornece uma ferramenta útil para a autoavaliação das escolas, mas também se alinha aos exercícios em vigor para fortalecer as políticas públicas relacionadas à Lei 10.639/2003.
Esta lei torna obrigatório o ensino das histórias e culturas africana e afro-brasileira em todas as esferas da educação, pública e privada, ao mesmo tempo que promove a reeducação das relações étnico-raciais com uma perspectiva antirracista.
Os “Indicadores de Relações Raciais” não se limitaram a questionários, mas também orientaram a realização de plenários e grupos de trabalho. Esses fóruns abordam os desafios para superar o racismo na escola, oferecendo propostas para um Plano de Ação Escolar.
Ednéia Gonçalves, coordenadora-executiva adjunta da Ação Educativa, cita uma pesquisa do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (CEDRA), que mostra — a partir do Censo Escolar de 2012 a 2019 – como a formação dos docentes é diferente nas escolas brasileiras. Nas instituições de ensino onde a maioria dos estudantes é formada por negros, em média, apenas 33% dos professores possuíam formação adequada (ensino superior com licenciatura em sua disciplina). Já nas escolas predominantemente brancas, essa média subia para 62% de professores com formação adequada. “Com certeza a aprendizagem dos estudantes sofrerá o impacto da formação inadequada dos professores com repercussão direta em desigualdade na trajetória escolar de negros e brancos”, diz.
Ednéia reforça a necessidade de abrir um debate público sobre questões frequentemente silenciadas nas escolas e comunidades, enfatizando a importância da construção de uma educação antirracista no cotidiano das instituições educacionais. “O racismo existe, persiste e se reinventa, está presente entre nós. É necessário nos dispormos a reeducar nossos sentidos para reconhecê-lo e atuar para superá-lo, bem como outras discriminações presentes na sociedade e nas escolas.”, afirma.
Além desta edição atualizada, a Ação Educativa também desenvolveu outros instrumentos específicos para diferentes níveis de ensino e temáticos, incluindo Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação Média. A nova versão dos Indicadores de Relações Raciais também inclui materiais de apoio, como vídeos sobre a participação da comunidade escolar na luta contra o racismo, além de cartazes de Afro-brasilidades.
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