Geração Z negra e o mercado de trabalho

40% da geração Z considera a flexibilidade um fator fundamental para levar em conta ao avaliar uma oferta de emprego

A geração Z (pessoas que nasceram entre o começo dos anos 90 e o fim da primeira década do século XXI (2010) já é parte importante da força de trabalho global. Até o ano de 2025, eles serão 27% do total de trabalhadores, e ainda que muitos desejam a tão sonhada vaga em alguma grande empresa, outros preferem o caminho do empreendedorismo.

Os jovens da geração Z estão assumindo cada vez mais posições no mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que os baby boomers (nascidos entre 1945 e 1964) se aposentam. E têm rompido com práticas e situações que as gerações anteriores viveram no ambiente corporativo e suportaram de forma passiva, enquanto obrigam as empresas a se ajustarem às suas prioridades.⁠

Essa geração tem ditado novas percepções para o mercado de trabalho, alguns empregadores reconhecem o impacto positivo desses profissionais e a sua capacidade de gerar transformações na organização, já outros acham que é uma geração difícil de trabalhar, já que muitos têm expectativas particulares que ultrapassam o que as empresas podem oferecer. 

Alguns dados extraídos de um relatório da Soter Analytics, mostram que 46% das pessoas da geração Z consideram o salário o fator chave para aceitar um emprego. Nessa mesma lógica, um outro estudo feito nos EUA demonstra que uma em cada quatro pessoas da geração Z estuda e também trabalha para apoiar financeiramente seus familiares devido à crise econômica e ao aumento do custo de vida.

Dois terços dos entrevistados não têm dinheiro para pagar suas próprias necessidades básicas. E entre os que trabalham e estudam, 72% precisam de dinheiro para essas necessidades. 32% se sentem sobrecarregados por trabalho e estudo, e relatam problemas de saúde mental, enquanto 50% sacrificam o sono ou o lazer e um em cada seis terminam seus namoros.

Segundo levantamento recente do Grupo Consumoteca, 77% da geração Z latino-americana gostaria de empreender algum dia. O estudo foi realizado com dois mil jovens da Argentina, Colômbia, Brasil e México, com idades entre 17 e 24 anos e pertencentes às classes A, B e C.

Além de descobrir que essa geração se preocupa mais com a estabilidade financeira, o levantamento mostra que os jovens percebem o empreendedorismo como um caminho para essa independência. Dessa forma, 73% afirmaram que buscam formas de obter renda extra, além do trabalho regular. 

E nós, pessoas negras, onde estamos neste cenário?

Sobre carreira

Segundo a Forbes, muitas pessoas da geração Z consideram que certos setores, como produção ou construção, limitam o seu potencial de carreira e, portanto, hesitam em exercer essas funções, vendo-as como um trabalho de curto prazo. Eles tendem a priorizar oportunidades que tenham planos de carreira claros para ascender a posições corporativas nos níveis gerencial e sênior. Estima-se que 74% da geração Z tenha a ambição de aprender novas habilidades e se desenvolver profissionalmente.

Mas esta geração não pode perder de vista, que o racismo estrutural, existe e reflete principalmente dentro das grandes corporações, já que somos sub-representação nos altos cargos: menos de 5%.

Uma pesquisa feita pela consultoria Talenses em parceria com o Insper, mostra que nas empresas chefiadas por homens, 95% têm um presidente branco. Os negros são 0,3% e os pardos 2,2%, nas comandadas por mulheres, são 98% de dirigentes brancas e 1,9% de negras. 

A realidade pode ser muito dura, por isso, para superá-las é necessário autocuidado e persistência. Existem mecanismos para que pessoas negras driblem esses obstáculos, é importante manter a autoestima e a autoconfiança trabalhadas, já que viemos de lugares, que estas são sempre colocadas a prova.

Não desistir do cargo almejado, e estar sempre antenado, preparado e estudando alternativas para quando a oportunidade chegar, estarmos preparados afinal temos que ser duas vezes melhores, outro ponto é entender bem o lugar onde estamos atuando, a área, as pessoas, as possibilidades e criar conexões com outros profissionais negros para abrir possibilidades.

Sobre empreender

O empreendedorismo é romantizado, colocam a falsa ilusão de que empreender é libertador, mas a realidade é bem menos romântica. A maioria que empreende é mulher, à frente de negócios precários ainda não formalizados e o faz por necessidade, sendo justamente a mais atingida neste momento de crise sanitária.

Diante desse entendimento, cabe às políticas públicas e às organizações que buscam minimizar e eliminar essas situações de pobreza e de vulnerabilidade social, atuarem de forma a ampliar as oportunidades em termos de recursos e aprendizados que potencializem o universo dessas mulheres, ou seja, que favoreçam o protagonismo desse público no sentido da promoção da transformação social desejada e necessária.

Existem excludentes para as diferentes categorias de empreendedores e gênero, então não podemos analisar a Geração Z, sem recortes por exemplo muitos não tentam ou não conseguem acesso a crédito ou investimento no valor necessário para ampliar seu negócio, por falta de conhecimento ou sequer uma aprovação por uma instituição, o famoso racismo institucional. 

Ainda há a solidão, por não dominar todas as tecnologias necessárias, muitas vezes por não ter tido acesso há uma educação de qualidade, isso impacta diretamente na autoestima e não se reconhece nesse lugar de empreendedorismo.

Oportunidades para o futuro da Geração Z Negra

  • Reconhecer o racismo como uma parte institucional dos negócios que opera mundialmente;
  • Se aplicar a programas de apoio à carreira e se especializar no mercado desejado, além de participar de  consultorias e assessorias pro-bono de negócios para ampliar e se conectar a rede de apoio e se fortalecer.

 

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