A acusação de plágio, feita por Evandro Fióti, irmão de Emicida, sobre a campanha de reposicionamento de marca da Bauducco, elaborada pela agência Galeria.ag, que copia elementos e conceitos do projeto “AmarElo”, lançado em 2019 pelo rapper, reforça o quanto a publicidade brasileira precisa evoluir em diversos aspectos. Não é razoável que em 2023 um dos nossos maiores artistas negros tenha sua obra autoral plagiada em uma ação publicitária sem qualquer pudor ou constrangimento e sim com muitos consentimentos vindos de diversos lados.
Essa discussão passa por diversas camadas e uma delas com certeza ainda é o retrato das agencias, que não se parecem em nada com o nosso Brasil de 2023. Existe uma desconexão enorme com a realidade, as principais campanhas do país seguem sendo pensadas pelo mesmo grupo idêntico de pessoas, muitas vezes com referências muito parecidas, enquanto existem diversas empresas como a Black Influence que já estão no mercado há algum tempo e que poderiam contribuir de alguma forma. O ponto é que me parece não haver interesse mesmo em fazer a diferença, a partir de um lugar de muito conforto.
Não existe referência cultural quando se vive no mesmo grupo social e não se explora outros olhares. Não há a menor possibilidade de prosperar, ainda mais quando se tem o poder de influenciar as pessoas. A publicidade brasileira é uma das indústrias mais atrasadas quando pensamos nisso.
Acho inclusive pouco provável que os “Faria Limers” saibam a fundo quem é Emicida, sua importância para o país ou o consumam, como um dos nossos maiores cantores da atualidade.
Falta além de humildade, cultura na publicidade.