“Justiça para todas: o que toda mulher deve saber para garantir seus direitos” é o título do livro recém-lançado pela advogada Fayda Belo através da editora Planeta. Quando ela começou a compartilhar em suas redes sociais, vídeos orientando o público sobre o que podemos ou não podemos fazer sob o ponto de vista da legislação brasileira, usando os jargões “Pode não” e “Pode sim” ao explicar situações que infringiam a lei, Fayda estava levando informação útil sobre direito para pessoas que são leigas no assunto e formou uma rede de seguidores nomeada de “crimelovers“: “É muito cruel apenas uma parcela da população ter conhecimento sobre seus direitos, já que o acesso ao direito deveria ser alcançável por todos”, reforçou.
Além do trabalho informativo que faz nas redes sociais, a advogada que é natural do Espírito Santo, é especialista em crimes de gênero, direito antidiscriminatório e feminicídios. Ao reunir toda essa experiência no Direito em um livro, ela apresenta ainda o contexto histórico brasileiro de discriminação contra mulheres, mostrando como o sistema patriarcal se institucionalizou e foi disseminado, estruturado com base na dominação masculina, e se mantém até os dias atuais.
Notícias Relacionadas
Juliana Alves reflete sobre 21 anos de carreira: "Conquistei respeito e reconhecimento que não tinha antes"
"Aos 50, quem me aguenta?", Edvana Carvalho fala sobre negritude, maturidade e o empoderamento feminino em seu primeiro solo no teatro
“Municiar mulheres de informação para saberem defender seus direitos e buscar justiça por qualquer tipo de violência que sofrerem era um sonho pessoal e que está sendo materializado nesse livro”, contou ela em entrevista para o Mundo Negro ao falar sobre o que a motivou escrever o livro. Além disso, Fayda acredita que também é importante que homens leiam a publicação: “Se a violência contra as mulheres ´ perpetrada por eles, cabe a eles terem ciência das consequências desse mal, bem como evitar que essa violência de gênero se perpetue”, reforça.
Leia a entrevista completa
Mundo Negro – Nos conte sobre o que a motivou escrever esta obra?
Fayda Belo – Cresci vendo mulheres muito próximas a mim sendo violentadas de várias formas (eu, inclusive), e sempre tive a esperança de que isso não se tornasse eterno na vida de todas as mulheres brasileiras. Pensei que do mesmo modo que a educação me salvou de diversas formas, ela também poderia salvar muitas mulheres. Municiar mulheres de informação para saberem defender seus direitos e buscar justiça por qualquer tipo de violência que sofrerem era um sonho pessoal e que está sendo materializado nesse livro.
MN – Como você acredita que essa abordagem, com linguagem simples e acessível, pode impactar e empoderar as mulheres na busca por garantir seus direitos?
FB – É muito cruel apenas uma parcela da população ter conhecimento sobre seus direitos, já que o acesso ao direito deveria ser alcançável por todos. A ausência de informação faz com que muitas mulheres sequer tenham ideia de que estejam sendo violentadas, ocasionando a não punição desse agressor, bem como a perpetuação da violência, que relembre-se é um ciclo que pode desaguar como tem ocorrido diariamente, em inúmeros casos de feminicídio.
Municiar as mulheres de informação é empoderá-las, a saber, que toda mulher tem o direito de viver livre de qualquer tipo de opressão e violência. Levar informação de fácil compreensão e com linguagem simplificada significa colaborar para o combate ao machismo e a misoginia, bem como garantir que a todas as mulheres independente de classe ou grau de instrução tenham acesso à justiça. Afinal, a justiça deve ser para todas.
MN – Além do público feminino, você acredita que homens também podem se beneficiar com a leitura de “Justiça para Todas”? Se sim, de que forma?
FB – Perfeitamente. Primeiro porque existem homens que por serem educados em um ambiente machista acabam reproduzindo essa mazela em suas relações como se fosse normal. Munir esses homens de informação significa a esperança de ter uma geração posterior que enxergue a mulher como um indivíduo que tem o direito de viver sem ser violentada e entenda o quanto é preciso por termo a esse mal.
Segundo, que se a violência contra as mulheres é perpetrada por eles, cabe a eles terem ciência das consequências desse mal, bem como evitar que essa violência de gênero se perpetue.
MN – Para finalizar, qual é a sua mensagem final para as mulheres que estão lutando por seus direitos e buscando justiça em suas vidas?
FB – Informação e poder! Como bem disse Maya Angelou, toda vez que uma mulher se defende, sem nem perceber que isso é possível, sem qualquer pretensão, ela defende todas as mulheres.
Notícias Recentes
'Vim De Lá: Comidas Pretas': Mariana Bispo apresenta especial sobre gastronomia brasileira com origem africana
Ministério da Igualdade Racial lança projeto para enfrentar racismo no transporte público do Rio