Segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (FGV), o número de mães solo no Brasil aumentou na última década. Entre 2012 e 2022, esse número cresceu 1,7 milhão, sendo 90% de mães negras.
No Brasil, 11 milhões de mulheres criam seus filhos e filhas sozinhas, sem um pai e, muitas vezes, sem ninguém para ajudá-las, aponta a pesquisa da FGV. Entre elas, 72,4% não têm rede de apoio próximo. Ao todo, as mães solo representam 15% dos lares brasileiros, a maioria na região Norte e Nordeste. O levantamento foi realizado pela pesquisadora Janaína Feijó.
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“Mais de 50% dessas mães não possuem ensino superior ou ensino médio. Geralmente elas tiveram o primeiro filho numa idade muito jovem no momento em que elas tiveram que interromper os estudos. Então isso tende a afetar a carreira profissional dela para sempre porque ela interrompe os estudos numa fase crucial de acumulação de capital humano”, explicou a pesquisadora.
As mães que criam seus filhos sozinhas também estão em desvantagem na renda e no mercado de trabalho. O levantamento mostrou que no quarto trimestre de 2022, o rendimento mensal de uma mãe solo foi de R$ 2.105,00, enquanto o de um homem casado com filhos foi de R$ 3.438,00, 39% a mais. Em comparação com uma mulher casada com filhos, o rendimento foi de R$ 2.626,00 mensal no quarto trimestre, 20% a mais que uma mãe solo.
“Ao contrário das mães solo, a trajetória dos homens no mercado de trabalho não é afetada após o nascimento dos filhos”, diz Feijó.
Mas para uma mãe solo negra o cenário é mais complicado. Diferente de uma mãe solo branca ou amarela, o rendimento mensal das mães que se autodeclaram pretas ou pardas foi de R$ 1.685,00, 39,2% a menos que outras mães solos.
Para Feijó, o que explica essa diferença na renda das mães é o nível de escolaridade e a idade que tiveram filhos – apenas 3% das mulheres que tiveram filhos aos 15 anos ou menos possuem ensino superior. Entre as negras, 9% das que criam suas crianças sozinhas possuem ensino superior.
A pesquisa ainda revela que 31% das mães solos negras com filhos de diferentes idades estão fora do mercado de trabalho, enquanto as que têm filhos de até cinco anos o número sobe para 34,6%. Em comparativo, mães solos brancas e amarelas o número é de 26,6% e 27,5%, respectivamente.
“As mães negras tendem a ter filhos mais cedo, e isso retroalimenta a situação desfavorável no mercado de trabalho. Consequentemente, vai repercutir no nível salarial”, comenta a pesquisadora.
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