“A gente é semente, mas ninguém sabe do que” – essa frase continuou ecoando em minha mente, mesmo com a leitura já terminada. “Quatro suicidas e uma peruca cor-de-rosa” foi uma narrativa tão arrebatadora, que me fez estar atenta até a última página, sem interrupções. Como não me acontecia há muito tempo, terminei a leitura em penas um sábado.
De certo você já concluiu que o livro não é grande, e realmente não é; mas não se precipite em achar que se trata de uma literatura simplista; definitivamente, não é esse o caso. Este é um livro que trata de assuntos muito complexos, como: O que leva uma pessoa ao suicídio? Como a sociedade trata uma pessoa com depressão?
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São discussões tão pesadas, tão densas, e, ainda sim, o enredo consegue trazer doçura e encantamento à história. Trata- se de quatro pessoas: Gisele, Nicholas, Gregory e Demetrio; em algum momento esses personagens tentaram cometer suicídio e, em algum momento, a história deles se cruza e, juntas, tomam um novo rumo, criam um novo significado.
É um típico enredo que poderia virar série, filme, peça de teatro; porque a gente realmente quer saber o que vai acontecer com cada um dos personagens. Ao longo da leitura eu senti como se tivesse ganhado novos amigos. Porém, com o decorrer da trama, percebi que, ao conhecer cada personagem eu conhecia partes de uma mesma pessoa, a autora.
Kelvin Valentim deu vida a “Quatro suicidas e uma peruca cor-de-rosa” e mostrou, de forma fragmentada, sua luta enquanto mulher negra e trans. Com a leitura me deparei com a insegurança constante que é ser um ser humano fora da “normalidade” imposta socialmente, e o quanto isso é cruel.
Com um vocabulário riquíssimo, esse é um livro que, além de envolvente, é didático. A narrativa joga luz sobre temas como o colorismo, depressão, transexualidade; entre outros. O livro retrata ainda como o ambiente escolar pode ser difícil para negros e gays e como o simples fato de existir pode ser tão perigoso para transexuais.
“Quatro suicidas e uma peruca cor-de-rosa” é um símbolo muito especial de resistência, luta, sobrevivência e vitória. Com essa narrativa, Kelvin mostra que, apesar de tudo, ela, enquanto mulher negra e trans, vem vencendo a cada dia. E que, se não contam nossas histórias, se não apresentam outras perspectivas, nós mesmas o fazemos. E a gente tem muito pra dizer!
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