O professor de gastronomia, Gustavo Corrêa Pinto, de 49 anos, entrou com uma denúncia no Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul contra a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) alegando “discriminação por motivo de raça e assédio moral” depois de ser demitido pela instituição após uma denúncia de racismo.
Gustavo relatou o ocorrido em suas redes sociais. De acordo com o professor, ele participava de um projeto quando foi excluído da apresentação oficial, feita em maio deste ano, sob a alegação de que sua foto era “escura demais”: “Após formular diversas etapas de um projeto com outros dois colegas (brancos), fui excluído da apresentação oficial, com a justificativa de que a minha foto era inadequada, “escura demais”. No entanto, a mesma foto era a minha apresentação no currículo Lattes e na própria Unisinos. Justamente a foto que tirei quando fui fazer um jantar na França representando o Brasil em 2016″, contou.
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O profissional afirma que denunciou o caso para a coordenação do curso e que a responsável assegurou que iria checar o que aconteceu, mas colocou em dúvida a alegação de discriminação racial feita por Pinto. “Denunciei o fato como discriminação racial. Após um acolhimento inicial da coordenação do curso, a denúncia começou a ser posta em xeque por pessoas brancas que queriam determinar o que seria ou não racismo. Não tive outra alternativa a não ser me desligar do projeto, o que foi aceito pela coordenação do curso em reconhecimento do fato racista. Contudo, numa atitude que só poder ser definida como assédio moral, este corpo dirigente insistiu que eu realizasse tarefas no mesmo espaço e horário de funcionamento do projeto, o que me neguei a fazer, já que existiam outras alternativas”, descreve.
Gustavo Corrêa Pinto alega que após se recusar a trabalhar próximo ao projeto do qual havia se retirado passou a sofrer assédio moral até ser demitido sem explicação pela universidade. “A partir de então, o tratamento que recebi por parte da coordenação do curso mudou totalmente e, em menos de dois meses, fui despedido. Busquei recorrer internamente da decisão e a Unisinos negou ter havido motivação racista, mas reconheceu expressamente a incorreta condução da questão pela coordenação”, disse.
Em nota ao Mundo Negro, a Unisinos afirma que já instaurou a apuração da denúncia e que a demissão do professor fez parte de um processo recorrente de reestruturação a partir das demandas dos cursos”. Confira a nota na íntegra:
“A Unisinos tem forte compromisso com a diversidade étnico-racial e a inclusão de todas as pessoas, sempre em linha com os valores e os ideais jesuítas, fundamentados no respeito à dignidade da pessoa humana e nos princípios cristãos e democráticos. Para fortalecer o combate ao racismo em todas as instâncias, a instituição criou, há mais de 10 anos, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi Unisinos), cuja atuação é reconhecida no estado Rio Grande do Sul e nacionalmente.
A Universidade não compactua com qualquer ato racista. Informa ainda que já foi instaurada apuração sobre a denúncia do ex-professor do curso de Gastronomia Gustavo Corrêa Pinto.
A Unisinos informa que o desligamento do professor Gustavo Correa Pinto não guarda qualquer relação com o episódio em apuração. A saída do docente fez parte de um processo recorrente de reestruturação a partir das demandas dos cursos, que resultou no desligamento de outros professores no mesmo período.
A Universidade reforçará o compromisso em combater todas as formas de racismo e preconceito e revisará as suas medidas internas.”
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