Nas eleições do último domingo (2), o número de candidatos ligados às pautas conservadoras aumentou, em especial no partido do atual presidente da república, o PL, que conquistou 99 vagas na Câmara dos Deputados e se tornou a maior bancada no Senado, o que deixou a oposição em estado de alerta.
Mas, diante de um cenário mais conservador em crescimento na política brasileira com a chegada dessas figuras, o resultado do legislativo também mostrou que candidatos negros, LGBTQIA+ e indígenas conquistaram um espaço importante nessas eleições, ocupando cadeiras nos âmbitos estaduais e federais.
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Para a analista política Basília Rodrigues, apesar do conservadorismo, existe uma força eleitoral capaz de eleger candidatos ligados a grupos minorizados. “As candidaturas de políticos não conservadores terão papel de resistência no Legislativo contra ideias retrógradas e excludentes. Passaram no teste das urnas como prova de que o eleitorado é diverso e que também deseja ser representado com diversidade. Há pessoas no Brasil com força para eleger negros, trans, indígenas, minorias em geral, apesar da onda conservadora”, comenta.
É o que vimos em São Paulo. Érika Hilton está entre os deputados federais mais votados do Estado e foi a segunda mais votada dentro do seu partido, o PSOL. Já o Paraná elegeu sua primeira deputada federal negra na história. Carol Dartora concorreu pelo PT e foi eleita com 130 mil votos. Enquanto no Rio Grande do Sul, Daiana Santos também conquistou o cargo no legislativo.
Já para o cargo de deputado estadual, as candidaturas paulistas formadas por coletivos de mulheres negras também estão comemorando a vitória, com a chegada da Bancada Feminista, formada por Paula Nunes, Carol Iara, Simone Nascimento, Mari Souza e Sirlene Maciel e do Movimento das Pretas, formado por Mônica Seixas e as co-parlamentares Ana Laura Oliveira, Karina Correia, Letícia Chagas, Najara Costa, Poliana Nascimento e Rosa Soares.
“Independente de a direita ter feito algumas cadeiras, alguns números maiores pelo país, a gente conseguiu eleger pessoas de fibra, luta e resistência. Tá aí Benedita [da Silva] reeleita, Talíria [Petrone] reeleita. A gente consegue chegar com Érika Hilton, uma mulher que a gente precisa estar atenta a todos os passos. Soninha Guajajara chegou à bancada do cocar. A gente tem que estar feliz com as nossas vitórias e entender onde erramos, quais são nossas derrotas, mas partir para cima”, destaca a ativista Anielle Franco.
Para ela, é importante que exista apoio para que essas candidatas possam fazer seu trabalho: “A gente tem que dialogar. Porque a maioria da população brasileira é de pessoas negras. E elas [candidatas negras] dialogam direto com essas pessoas? Sim. Mas a gente precisa furar a bolha nesse momento, que é garantir a eleição do Lula e garantir que essas meninas consigam fazer o trabalho delas lá”, finaliza.
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