Editora Malê, voltada para a valorização da autoria negra, se retirou de projeto conjunto com a Cia das Letras, editora responsável pelo “Abecê da Liberdade”
“Abecê de Liberdade”, escrito por José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta e ilustrado por Edu Oliveira – todos brancos – , pretendia contar a história do abolicionista Luiz Gama, mas em vez de honrar a trajetória do advogado e jornalista, ilustrava o porão de um navio negreiro como um espaço lúdico, e as correntes como cordas de pular.
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“Eu, a Getulina e as outras crianças estávamos tristes no começo, mas depois fomos conversando, daí passamos a brincar de pega-pega, esconde-esconde, escravos de Jó (o que é bem engraçado porque nós éramos escravos de verdade”, diz um trecho da obra.
Em comunicado aos leitores e à imprensa, a editora Companhia das Letras, responsável pela publicação, disse: “Lamentamos profundamente que esse ou qualquer conteúdo publicado pela editora tenha causado dor e/ou constrangimento aos leitores ou leitoras. Assumimos nossa falha no processo de reimpressão do livro, que foi feito automaticamente e sem uma releitura interna, e estamos em conversa com os autores para a necessária e ampla revisão”.
Na manhã desta segunda-feira (13), a editora Malê, voltada para a valorização da autoria negra e da diversidade na literatura, anunciou seu desligamento do projeto “Por uma escola afirmativa: construindo escolas antirracistas”, idealizado pela Editora Companhia das Letras.
“A Malê reafirma o seu compromisso com as vidas negras, com uma educação antirracista — que se coloca anterior à questão mercadológica. Repudiamos a desumanização dos indivíduos negros na literatura e entendemos que práticas discursivas racistas (inclusive na literatura) refletem diretamente na permanente situação de vulnerabilidade à morte em que vive a população negra”, disse o comunicado da editora.
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