A vereadora Verônica dos Santos Lima (PT) prestou queixa de violência sofrida contra o também vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL). Verônica postou em suas redes sociais o que teria ocorrido na tarde de ontem durante uma reunião. O vereador teria agredido Verônica verbalmente e tentado agredi-la fisicamente quando foi impedido por outras pessoas da Casa Legislativa.
“Quer ser homem? Então vou te tratar com homem!”, teria dito o vereador se referindo ao fato de Verônica ser lésbica. Segundo a vereadora, não é a primeira vez que é atacada por Gomes. “Os ataques e a perseguição de Paulo Eduardo Gomes contra mim são constantes nesta Casa Legislativa. O ocorrido hoje é mais um episódio escancarado de violência política contra mulheres e LGBTQIA+. Somos constantemente constrangidas, desrespeitadas e intimidadas, mas não recuaremos! É importante se atentar para o fato de que essas formas de opressão ainda são muito recorrentes”, escreveu
Notícias Relacionadas
Pequena África recebe R$ 7,3 mi do BNDES; anuncio de investimento foi feito durante o G20 social
Erika Hilton anuncia que PEC da escala 6x1 alcançou assinaturas suficientes para tramitação na Câmara dos Deputados
A vereadora, de 47 anos de idade, foi a primeira mulher negra a assumir o cargo na história da cidade de Niterói. É defensora dos direitos humanos, das mulheres e das políticas de assistência social. Ao longo de sua carreira, criou o primeiro Estatuto Municipal de Igualdade Racial do Brasil e a Lei de Diretrizes para Mulheres Vítimas de Violência, além da lei que destina 3% das vagas em serviços e obras públicas para moradores em situação de rua, entre outras conquistas.
Confira a nota completa da vereadora:
“QUER SER HOMEM? ENTÃO VOU TE TRATAR COMO HOMEM!”
Foi com essas palavras machistas e lesbofóbicas que o vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL) me atacou verbalmente durante reunião hoje à tarde. Gomes avançou em minha direção e teve que ser contido por nossos colegas da Casa Legislativa. Estive na delegacia e formalizei a queixa da violência sofrida e também irei abrir uma representação oficial por quebra de decoro parlamentar.
Infelizmente, o desrespeito direcionado a mim pelo parlamentar não começou agora e está se intensificando cada vez mais. Os ataques e a perseguição de Paulo Eduardo Gomes contra mim são constantes nesta Casa Legislativa. O ocorrido hoje é mais um episódio escancarado de violência política contra mulheres e LGBTQIA+. Somos constantemente constrangidas, desrespeitadas e intimidadas, mas não recuaremos! É importante se atentar para o fato de que essas formas de opressão ainda são muito recorrentes.
Em 2012, me tornei a primeira mulher negra e LGBT+ eleita para a Câmara de Niterói, e por muitos anos fui a única representante no Parlamento. Tenho uma missão junto ao povo. Não vão me intimidar, nem me calar! Vou ocupar esse espaço que é meu por direito e exercer meu mandato com todas as prerrogativas.
Quando Paulo Eduardo questionou se “eu queria ser homem” e disse que ia “me tratar como homem”, quis me constranger pela minha orientação sexual. Não quero ser homem! Sou uma parlamentar com diversas produções legislativas que dispõem sobre a violência contra as mulheres e o combate às opressões.
Quero poder viver com dignidade e liberdade sendo mulher, e desejo que todas nós possamos ter nossos direitos assegurados. Atitudes machistas, lesbofóbicas e intimidatórias como a de Paulo Eduardo têm que ser devidamente responsabilizadas. Não faço isso apenas por mim, mas por todas as mulheres e LGBTQIA+. Tenho orgulho de ser quem sou e exijo respeito.
Em resposta às acusações, Paulo Eduardo Gomes também emitiu uma nota em seu Instagram, onde admite o ato lesbofóbico, mas nega tentativa de agressão física. ”Mesmo eu, com um longo histórico de lutas em defesa dos Direitos Humanos e combate às opressões, estou sujeito a praticar atos machistas e lesbofóbicos. Entretanto, apesar de elevar o tom na discussão, é importante esclarecer que jamais fiz menção de agredir a vereadora fisicamente”, escreveu em seu Instagram.
Notícias Recentes
Grace Jabbari retira processo federal por agressão e difamação contra o ex-namorado, Jonathan Majors
Agência Pública aponta 33 políticos com antepassados relacionados com a escravidão no Brasil