Como resultado de ação corrida no Ministério Público (MP), o Grupo Carrefour pagará R$ 115 milhões de indenização para sanar danos causados pelo racismo oriundo do caso da morte do homem negro João Alberto. O dinheiro será gasto em ações nas áreas de educação, empreendedorismo e em projetos socioculturais com a finalidade de contribuir para o combate ao racismo no Brasil e promover a equidade.
Em entrevista à Revista Raça, o representante da Educafro, Frei Davi contou sobre o que significa essa decisão. “Esse acordo simboliza a evolução inicial, mas firme, do mundo empresarial brasileiro. Nós entendemos que o mundo empresarial brasileiro é muito retrógrado, agora com essa postura do Carrefour. Assinando esse termo de ajuste de conduta e garantindo a indenização ao povo negro, será um marco que vai sinalizar positivamente para o conjunto das entidades empresariais do Brasil, mostrando pra elas que a injustiça não vale a humilhação ao povo negro, não vale a exploração do povo negro, não vale a pena; portanto, ser justo, ser honesto, pagar indenização no direito, na justiça, brilha mais para a empresa e faz a empresa ganhar mais clientes e ser mais respeitada”. disse.
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O acordo firmado entre os representantes do Carrefour e o MP tem vigência de três anos, mas, segundo os Noel Prioux, presidente do Grupo no Brasil, a empresa sabe que isso não paga uma vida perdida. “O Termo assinado não reduz a perda irreparável de uma vida, mas é mais uma medida tomada com o objetivo de ajudar a evitar que novas tragédias se repitam. Com este novo passo, o Grupo Carrefour Brasil reforça sua postura antirracista, ampliando sua política de enfrentamento à discriminação e à violência, bem como da promoção dos direitos humanos em todas as suas lojas”, afirma.
Ainda na entrevista, Frei Davi afirma que essa é a maior indenização civil pública da América Latina e que deseja que grande parte desses recursos sejam alocados para a educação. O mesmo entendimento foi demonstrado por Cristiane Lacerda, diretora de Desenvolvimento Humano do Grupo Carrefour. “Entendemos ser necessário o investimento em bolsas de estudos com a finalidade de gerar mais oportunidades e aumentar a empregabilidade das pessoas negras”, disse em nota no site oficial do Grupo.
A família de João Alberto já recebeu indenização referente ao caso e agora o Carrefour busca concretizar mudanças internas. Na nota divulgada, a empresa se compromete a contratar 30 mil pessoas negras no período de três anos e garante promover um programa de estágio e de trainees com fins de acelerar a carreira de 300 profissionais negros e negras que já atuam na companhia. Além disso, a segurança deixará de ser terceirizada e também fará parte de contratados diretos do Grupo e segundo a empresa “se destacam por representar a diversidade da população brasileira quanto ao gênero e raça”.
No dia 19 de novembro de 2020, João Alberto foi espancado por seguranças de uma loja Carrefour na Zona Norte de Porto Alegre. Ele foi conduzido até a saída do supermercado por duas pessoas após se desentender com uma funcionária. Na porta do local, João deu um soco em um dos seguranças, que responderam com mais agressões. Os seguranças então o imobilizaram o continuaram o espancamento. Giovane Gaspar da Silva e Magno Braz Borges, seguranças que estão presos; Adriana Alves Dutra, fiscal do Carrefour; Kleiton Silva Santos e Rafael Rezende, funcionários do mercado; e Paulo Francisco da Silva, funcionário da empresa terceirizada de segurança que prestava serviços ao estabelecimento foram denunciados pelo MP e respondem na justiça pelo crime.
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