Com grandes artistas, documentário da Devassa celebra o poder da música negra no Brasil e a ancestralidade através de encontro entre gerações.
Celebrando a música negra no Brasil, Devassa lança, de forma gratuita, na plataforma Globoplay seu novo documentário sobre os bastidores da segunda edição do “Encontros Tropicais”, show realizado no dia 21 de novembro de 2020, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador.
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Através de uma produção íntima e sob direção artística e roteiro de Elísio Lopes Jr. (Rede Globo), projeto conta com participações de IZA, Orkestra Rumpilezz, Carlinhos Brown, Margareth Menezes, Larissa Luz, BNegão, Mateus Aleluia, ChicoCorrea, João Milet Meirelles e Lazzo Matumbi.
Ao longo de 30 minutos somos imersos nos bastidores de criação de um show que se transforma numa verdadeira aula sobre a valorização da criatividade artística negra. Através de uma mistura contemporânea, obra também revela com sucesso o desafio de se criar um espetáculo tão detalhista em meio à pandemia.
Com todos os protocolos de segurança seguidos à risca, produção apresenta as emoções e pensamentos em torno dos grandiosos artistas envolvidos.
O documentário revela um verdadeiro encontro de gerações, e ao mesmo tempo, apresenta a importância da ancestralidade negra e a mistura criativa de ritmos que fazem parte da construção cultural do Brasil. De um lado observamos a presença fantástica de Mateus Aleluia, um dos mestres musicais da africanidade barroca, que conseguiu destaque nos anos 70 promovendo a dança a beleza dos cânticos do Candomblé, do outro lado temos IZA, representante da nova geração, que brilha através de suas músicas autênticas, cheias de representatividade e sensibilidade.
Com apresentação da própria IZA, o telespectador se encanta através do respeito e admiração mútua entre todos os artistas e suas respectivas experiências. Toda a produção evidencia a noção sobre o lugar de cada um, e simultaneamente, sobre a importância do conjunto e da música negra para a construção musical brasileira.
A noção de que o lugar que ocupamos hoje faz parte da luta de muitos outros, que vieram antes de nós, se faz presente em todos os frames do documentário.A presença da Orkestra Rumpilezz também encanta, conhecida por seu trabalho em torno da música popular instrumental, orquestra acrescenta à música ancestral baiana uma roupagem harmônica moderna, com percussão de matriz africana e sob influência do jazz moderno.
Documentário revela com destreza os arranjos musicais criados pela Rumpilezz, que pela primeira vez incorpora beats eletrônicos ao tradicional som de percussão e sopro, em parceria com o DJ ChicoCorrea, produtor musical em grupos musicais como Jessica Caitano e Berra Boi, com João Milet Meirelles, produtor do live electronics do grupo BaianaSystem.Glorificando a criatividade, a conexão entre passado e presente através da música revela a beleza e a unicidade da música negra no Brasil.
O poder da reinvenção, a celebração afro, o autoconhecimento e a certeza do protagonismo negro na construção artística brasileira, oferece um trabalho visual que dá orgulho e fascina. Nesse cenário, vale destacar as presenças de Margareth Menezes, Carlinhos Brown e BNegão. A força e talento inigualável de Margareth, que utiliza elementos do samba-reggae, axé e afrobeat em suas músicas, se misturam aos enredos e composições de Brown, um dos maiores musicistas do país, através de sua percussão e células rítmicas provenientes do Candomblé. BNegão se une através de suas composições e canções de rap e hip-hop que trazem reflexão e promovem a crítica necessária.
Outro ponto de destaque no documentário diz respeito ao real reconhecimento da ancestralidade negra e sua grande contribuição para construção da cultura do país, revelando que a música pop é negra em todos os tempos. Essa contribuição se faz presente em artistas como Larissa Luz, cantora baiana que incorpora elementos do afro futurismo e afro punk em suas músicas, e ao mesmo tempo se revela na presença marcante de Lazzo Matumbi, considerado como um dos criadores do samba-reagge no Brasil e uma das vozes mais marcantes da música nacional.
Produção em forma de documentário, amplia discussões sobre o protagonismo negro no Brasil de forma suave e com tons íntimos, através de revelações pessoais e experiências dos próprios protagonistas. Os jogos de câmera desenvolvidos pela direção trazem uma sensação pessoal e reforçam a exuberância visual detalhista em torno do show histórico realizado em Salvador.
A obra também reforça o empenho da Devassa em levar música boa e entretenimento para as pessoas, que continuam em isolamento e, ainda, dá continuidade ao compromisso da marca de valorizar a cultura e a criatividade transformadora dos brasileiros.O documentário “Encontros Tropicais” estreia de forma gratuita a partir de 7 de maio, na Globoplay.
Texto: Arthur Anthunes
Foto: Divulgação
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