A 93ª edição do Oscar já poderia ser considerada emblemática por ser a primeira cerimônia realizada durante a pandemia do coronavírus. Esse fator foi decisivo para que a configuração dos indicados também fosse inédita, com produções vindas do streaming dominando as principais categorias.
Com os grandes estúdios paralisados por causa da pandemia, Netflix (35 indicações) e Amazon (12 indicações) ganharam espaço sem muita resistência da Academia, que em outros anos boicotou a participação de filmes oriundos dessas empresas.
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Saiu a plateia gigantesca e entrou um cenário mais intimista, lembrando mais um restaurante e esse processo de enxugue se estendeu para a dinâmica da cerimônia que cortou (corretamente) números engraçadinhos e musicais longos, tornando a premiação menos cansativa e divertida de assistir.
O astro de “Corra”, Daniel Kaluuya confirmou o favoritismo, ganhando na categoria de Melhor Ator Coadjuvante por seu papel em “Judas e o Messias Negro”, interpretando Fred Hampton, líder dos Panteras Negras, assassinado após ser denunciado por um infiltrado, interpretado no filme pelo também indicado na mesma categoria LaKeith Stanfield. Em seu discurso da vitória ele fez um interessante apontamento de como veio ao mundo, arrancando uma reação impagável de sua mãe na plateia.
Leslie Odom Jr, intérprete de Sam Cooke em “Uma Noite em Miami“, concorreu como Melhor Ator Coadjuvante e também como Melhor Canção Original por “Speak Now”. Nessa última categoria venceu a mais recente sensação da música, H.E.R, que com sua canção “Fight for You” levou a estatueta.
Sem surpresa, “Soul” levou Melhor Animação e Melhor Trilha Sonora, mantendo a Pixar no topo no que refere à animações oscarizadas.
Outra produção que ganhou sem surpresa foi o curta-metragem da Netflix “Dois Estranhos”, que é uma angustiante história que mistura a realidade da relação entre jovens negros e a polícia com pitadas narrativas do clássico “Feitiço do Tempo”.
Nas duas disputas mais esperadas da noite havia a chance da Academia conversar diretamente com o que tem acontecido nas ruas norte-americanas. O grito por justiça e dignidade que explodiu desde a morte do segurança George Floyd.
Viola Davis e Chadwick Boseman estavam indicados respectivamente nas categorias de Melhor Atriz e Melhor Ator, mas nenhum levou o troféu o dourado. O Oscar tem mais de noventa anos de existência e a única mulher negra a ganhar o Oscar foi Halle Berry em 2002. A vencedora, Frances Mcdormand estava incrível em “Nomadland”, mas Viola Davis estava monstruosa, como já se tornou praxe em sua carreira.
A academia podia mostrar que aprendeu algo com as acusações de que é uma premiação feita apenas para acariciar o ego de seus realizadores velhos e brancos.
Davis terá outras chances, mas Chadwick Boseman não. Difícil imaginar qual seria o discurso de sua esposa se o ator ganhase o Oscar póstumo por seu papel impecável em “A Voz Suprema do Blues”.
Anthony Hopkins, de fato, estava fabuloso em “Meu Pai”, mas Boseman virou um símbolo para uma geração de pessoas negras em busca de representatividade e entre 2018 e 2020 atingiu seu auge de popularidade participando de blockbusters de qualidade como o clássico contemporâneo “Pantera Negra” e mostrando talento dramático de primeira linha em seus últimos filmes (“Das 5 Blood”, “A Voz Suprema do Blues”).
O Oscar perdeu a chance de fazer história e a meritocracia que se cobra desse tipo de prêmio não seria desmerecida, já que Viola Davis e Chadwick Boseman estavam entre os favoritos. Seria uma maneira de indicar que a premiação está buscando ser socialmente relevante, ouvindo os anseios de uma sociedade que tem matado futuros Panteras Negras em suas calçadas.
É um aceno interessante que esse tenha sido o Oscar mais diverso de todos os tempos, mas passos mais largos poderiam ser dados.
Confira a lista de todos os vencedores abaixo:
Melhor Roteiro original: Bela Vingança
Roteiro Adaptado: Meu Pai
Melhor filme estrangeiro: Druk
Melhor ator coadjuvante: Daniel Kaluuya
Melhor cabelo e maquiagem: A Voz Suprema do Blues
Melhor diretora: Chloe Zhao
Melhor Som: O Som do Silencio
Melhor Curta: Dois Estranhos
Melhor Curta de animação; Se algo Acontecer, TE AMO (Discurso sobre morte violenta)
Melhor animação: Soul
Melhor curta documentário: Collete
Melhor Documentário: Professor Polvo
Melhor Efeito Especial: Tenet
Melhor Atriz Coadjuvante: Yoon Yeo‑jeong
Melhor Design de Produção: Mank
Melhor Fotografia: Mank
Melhor Montagem: O Som do Silêncio
Melhor Trilha Sonora: Soul
Melhor canção Original: Fight For Your – HER
Melhor Filme: Nomadland
Melhor Atriz: France Mcdormand
Melhor Ator: Anthony Hopkins
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