“Quando cheguei no camarim e fui tirando o anel, o contra-egum, as pulseiras, o figurino da Camila. Eu tive uma crise de choro, porque a gente fica muito tempo com o personagem que acaba sendo um amigo íntimo nosso”. A Camila, de Jéssica Ellen em “Amor de mãe” foi professora com alma de ativista que conquistou o país. A novela termina nessa sexta-feira, 9 de Abril.
Ela foi sem dúvida um dos personagens que mais sofreu na trama de Manuela Dias, mas ao mesmo tempo a que nos trouxe grandes reflexões sobre educação no Brasil, o cansaço da mulher negra, a impotência perante as injustiças sociais e a resiliência de quem enfrenta as adversidades com fé de que as coisas vão melhorar. Camila se entristeceu muitas vezes, mas nunca murchou. Sua luz guiou seus alunos negligenciados pelo Estado.
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Jéssica deu uma entrevista exclusiva ao site Mundo Negro, falando sobre Amor de Mãe, quem a inspirou para fazer a professora Camila e seu lado “camaleoa”no quesito penteados e cores de cabelo, onde até seu namorado Dan Oliveira se juntou a ela.
Mundo Negro – Como foi se despedir da Camila, um dos personagens com mais cenas dramáticas da trama?
A minha última cena foi muito forte relativa ao resgate do neném. Em seguida me despedi do set e dos meus colegas de cena e aí eu lembro que quando cheguei ao camarim e fui tirando o anel, o contra-egum, as pulseiras, o figurino da Camila, eu tive uma crise de choro, porque a gente fica muito tempo com o personagem que acaba sendo um amigo íntimo nosso.
Eu não vou mais ver a Camila, não vou mais saber como anda a vida dela. Então eu tive uma catarse, um choro muito forte, de muita gratidão. A Camila foi um personagem que amadureceu muito meu trabalho. Eu tive cenas grandes, intensas, com muito texto. Foi um ano que dediquei muito a esse personagem.
Dá para escolher alguma cena que tenha exigido mais de você como atriz?
Não consigo escolher uma cena que exigiu muito de mim. Acho que foi um personagem que exigiu de mim do início ao fim da novela. Eu me cuidei muito, cuidei da minha alimentação, do exercício físico, descansava bastante, tinha ótimas noite de sono. Foi um personagem que foi uma virada na minha carreira. Ele exigiu da minha atriz, ele exigiu da quantidade de texto decorado, das entregas em cena.
Você aparecer loiríssima depois de encerrar as gravações. Foi para desapegar da Camila?
Eu adoro mudar e mudo de cabelo toda hora. Durante o gap entre um personagem e outro, eu aproveito para fazer as coisas que eu gosto e que eu quero. E a mudança de cor e de corte sempre foi uma coisa que eu fiz. Não foi à toa que assim que eu terminei a novela eu já mudei de cabelo quatro vezes.
Quando terminou a novela eu fiz um corte com franja, depois coloquei tranças mais finas, depois trança mais grossas e maiores até a bunda. Depois das tranças eu e o Dan juntos decidimos pintar o cabelo para passar o verão, já que a gente não podia viajar. Então a mudança de cabelo é algo que eu gosto independente da mudança dos personagens.
Como foi interpretar uma professora? O que você aprendeu nesse sentido, sendo a Camila?
Desde o início da novela eu sempre digo, a Camila foi a minha Sueli. Sueli Maria foi a minha professora de História na escola, no ginásio, da quinta à oitava série. Eu me senti muito honrada de fazer uma professora porque eu lembrei muito dela. Ela foi uma Camila para mim. Ela foi a única professora negra que eu tive na minha vida escolar. Ela tinha uma sensibilidade muito grande e sempre fazia provas e testes vinculados a arte e cenas de teatro. Ela era uma professora que sempre surpreendia e provocava a gente. Então, foi muito especial fazer uma professora.
Foi como um agradecimento a todos os professores que eu tive na vida escolar e principalmente na arte. Minha primeira professora de arte, meu primeiro professor no cinema e todas essas pessoas que me inspiraram no início da minha vida artística antes de eu começar a trabalhar. Para mim foi um momento de muita felicidade. O professor é quem forma todas as profissões.
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