No jogo da discórdia da última segunda Carla Díaz colocou Camilla de Lucas como coadjuvante e adicionou que ela era a “amiga sensitiva da protagonista”, sem entrar no mérito da intenção ou da finalidade o fato é que essa frase despertou em mim e em outras pessoas negras um incomodo justamente porque carrega um estereótipo muito recorrente e comum na ficção e que reverbera na vida de mulheres negras, o arquétipo da “amiga negra da protagonista”
O que não faltam são exemplos de personagens sem história própria e desenvolvimento que orbitam em torno dos problemas de um protagonista branco, como se pessoas negras existissem para servir e fossem indignas de contar e assumir a rédea de suas próprias histórias
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O fato é que tanto no BBB quanto na ficção e na vida essa postura subserviente, a ideia do “conselheiro” e do fiel escudeiro é sempre aplaudida. Até manifestarmos os nossos incômodos, nossas questões e a nossa trajetória.
Trouxe alguns exemplos mais recentes que correspondem a esse arquétipo, aposto que lendo isso você provavelmente vai lembrar de muitos outros:
- Gabriella Montez e Taylor Mckessie, na trilogia High School Musical
- Charlotte “Cher” Horowitz e Stacey Dash, em Clueless
- Elena Gilbert e Bonnie Bennett, em The Vampire Diaries
- Ritinha e Marilda, em A Força do Querer
- Bloom e Aysha, em Fate: Saga Winx
É extremamente limitador que personagens negras sejam constantemente reduzidas ao suporte e desenvolvimento de protagonistas brancas, uma categorização racista na tela que tem implicações também no cotidiano e nas relações de mulheres negras.
Refletir sobre a ficção e como as nossas histórias são retratadas na tela é importante, faz a gente perceber o quanto ainda precisamos avançar quando o assunto é representatividade e representação, e como essas distorções nos afetam no âmbito real. Por aqui no entanto, Camilla de Lucas segue sendo protagonista de uma história em que Carla Díaz é mera e caricata coadjuvante.
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