Obra está sendo projetada pelo artista plástico Lumumba em co-autoria pela arquiteta negra Francine Moura, e será inaugurada em 5 de dezembro
O arquiteto conhecido por Tebas, Joaquim Pinto de Oliveira, que viveu no século 18 e foi responsável pela fachada de diversas igrejas de São Paulo, será homenageado com uma escultura no centro da cidade. A obra, que está sendo projetada pelo artista plástico Lumumba em co-autoria com a arquiteta negra Francine Moura, tem apoio da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, e será inaugurada em 5 de dezembro.
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Conforme apuração do Guia Negro, a escultura ficará na Praça Clovis Bovilaqua, integrada à Praça da Sé, dialogando com a Igreja da Ordem 3ª do Carmo e Catedral da Sé, no centro de São Paulo. O local bastante significativo, já que Tebas foi o responsável pela fachada da Igreja do Carmo e também da segunda versão da igreja da Sé (1778), que foi substituída pela atual, além da restauração do Mosteiro de São Bento (1766 e 1798) e da fachada da Igreja das Chagas do Seráfico Pai São Francisco. O Chafariz da Misericórdia, construído entre 1791 e 1793, foi sua obra mais importante. Deixou de fazer parte da cidade em 1866 após o processo de canalização de água no centro. A obra, erguida onde hoje está a Rua Direita, funcionava como um ponto de encontro de escravizados que buscavam água para seus senhores.
Com seus trabalhos, Tebas conseguiu comprar a alforria aos 58 anos uma vez que tinha sido escravizado. Apesar da sua projeção, o arquiteto foi relegado ao esquecimento por anos. Não é nome de rua, de praça no centro e não tinha uma homenagem à altura. Foi somente em 2018 que o Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (Sasp) reconheceu-o como arquiteto, depois que documentos oficiais localizados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) revelaram as relações de trabalho entre o arquiteto escravizado e as ordens religiosas.
Em 2019, ganhou um grafite em um prédio na Rua Rego Freitas, na esquina com a Major Sertório, na região da República. A pintura é uma verdadeira obra de arte, mas passa desapercebida pelos transeuntes, já que o nome do arquiteto não consta ali. O Google preparou um doodle (imagem do dia junto à logo do site de pesquisa) em homenagem à ele em 30 de junho de 2020. E Tebas também ganhou uma biografia escrita pelo jornalista e ativista dos movimentos de memória Abílio Ferreira, que foi lançada em 2018.
Além da escultura, Tebas deve ganhar nos próximos meses um instituto com seu nome, que terá como premissa reconhecimento, preservação e valorização da memória negra e indígena da cidade de São Paulo. Quem está à frente do projeto é o escritor Abílio Ferreira.
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