Na noite anterior ao Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, 21 de março, o jornalista da agência Dinheiro Vivo, Luiz Nassif, a blogueira Charô Nunes do coletivo Blogueiras Negras e o ativista e colunista da Carta Capital Douglas Belchior, se reuniram com jornalistas, no Sindicato do Jornalistas, em São Paulo, para discutir a responsabilidade da imprensa no combate ao racismo. O encontro foi promovido pela Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial, (COJIRA).
“Cresci sentindo na pele como o jornalismo influencia a minha vida”, explicou Charô, do Blogueiras Negras ao falar sobre o papel educativo que os meios de comunicação exercem. A blogueira também falou sobre Claudia Ferreira da Silva, morta brutalmente ao cair de uma viatura, após ser atingida com uma bala no pescoço durante um troca de tiros entre policiais e traficantes, na cidade do Rio de Janeiro, no último dia 12 . “Talvez se não tivesse uma pessoa com um celular para registrar o que aconteceu, nós nem saberíamos de nada”, desabafou. Para ela, os negros precisam de mais referências positivas e não podem abrir mão do espaço conquistado “Vi uma foto sobre o massacre de Shaperville, onde havia uma mensagem dizendo ´não nos moveremos’, e acho que é desta forma que devemos agir.” Sobre a ação da imprensa, ela vê que falta, por parte dos jornalistas, uma contextualização de temas como violência policial, com a questão de cor e raça. “Eles nem mencionam a cor das vítimas”, explica.
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Para Nassif os veículos produzidos por negros, tem que escrever também para elite e vanguarda que são os reais formadores de opinião. Ele também falou sobre o caso da jornalista do SBT Rachel Sherazade e liberdade de imprensa. “A liberdade de imprensa é o meio de você exercer o seu direito constitucional”, afirmou.
Douglas, da Carta Capital, destacou o resgate da auto-estima da comunidade negra, por meio na Internet e da importância de trazer debates políticos para esse grupo, nas redes sociais. Ele também foi bem crítico em sua análise sobre a atuação política dos negros no cenário nacional contemporâneo: “O movimento negro precisa ser mais radical. No momento não há nenhum líder negro de representatividade”, finalizou o blogueiro.
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