A técnica em hemoterapia, Silvana da Silva, decidiu criar o modelo de calcinha para transexuais após ouvir algumas histórias e entender que precisava fazer algo que ajudasse essas pessoas.
Silvana teve a sensibilidade de notar que muitos transexuais e travestis tinham problemas urinários por passar muito tempo sem ir ao banheiro, já que utilizavam fitas adesivas ou colas de alta fixação para esconder a genitália masculina. Ela criou o modelo com o intuito de mudar a realidade dessas pessoas.
“Eu pensei, nossa, é um absurdo a pessoa sair pela manhã e só poder ir ao banheiro à noite, porque a cola da fita só sai a base de água e, mesmo assim, é dolorido. Falei, eu tenho que criar alguma coisa para ajudar”, disse a empresária em entrevista ao portal de notícias G1.
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Ela é de Guaianases, Zona Leste de São Paulo, e teve dificuldade de encontrar alguém que conseguisse aplicar suas ideias, após criar o produto por meio de desenhos. Chegou a fazer uma parceria com uma costureira que fez alguns modelos, mas não deu certo e ela foi desvinculada do negócio.
“Fui atrás de uma costureira que é outro ponto muito complicado de se encontrar pelo meu público ser LGBT. As pessoas não me discriminam aqui por eu ser negra, porque eu já faço parte aqui da região, mas me discriminam por eu ser LGBT. Eu falava, ‘tem como você fazer isso aqui pra mim?’ e as pessoas falavam, ‘ah, mas é um produto PET, o que é isso?’ E quando eu explicava a situação as pessoas falavam, ‘ah, eu não faço esse tipo de serviço”, explicou.
Com o tempo e a necessidade de procurar outra profissional que desse esse suporte, conheceu Renata Martins, também de Guianases. “Já costurei de tudo. Adoro fazer peças novas. Quando ela chegou aqui, eu nem poderia pegar o caso dela, mas por ser um projeto inovador e eu nunca ter feito nada do tipo eu resolvi tentar fazer e deu super certo”, disse em entrevista ao G1.
Hoje Silvana é Microempresária. Largou dois empregos para investir em seu próprio negócio. Participou da Vai-Tec, Programa de Aceleração de Empresas da Periferia, financiado pela Prefeitura de São Paulo e foi uma das selecionadas, recebendo uma premiação em dinheiro de aproximadamente R$ 33 mil, com mentoria, e acompanhamento individual para que os negócios se desenvolvam.
Atualmente, ela vende produtos dentro e fora do Brasil. Porém, sendo que os ganhos da marca, por enquanto, só lhe permitem sobreviver. Seu objetivo é levar a invenção além do seu negócio. “Eu sempre falo que meu sonho é que um dia o uso da fita vire uma lenda urbana”, finaliza.
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