
Há 5 anos, o Nossa Pele Negra (@nossapelenegra) surgiu como um espaço de acolhimento, informação e representatividade para a comunidade negra no Brasil. E, ao longo dessa jornada, aprendi muito sobre os desafios, as dores e as belezas de cuidar da pele negra em um país que ainda engatinha quando o assunto é inclusão e representatividade.
Vou compartilhar aqui quatro aprendizados que mudaram a forma como enxergo a comunidade e o cuidado com a pele negra em nosso país.
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1. A escassez de profissionais especializados
Quando começamos, uma das primeiras coisas que percebemos foi o gap gigantesco de profissionais e serviços de beleza voltados exclusivamente para a pele negra. Não é exagero dizer que, em muitas cidades do Brasil, encontrar um dermatologista ou esteticista que entenda as especificidades da nossa pele é como procurar uma agulha no palheiro. E olha, não é por falta de demanda! A verdade é que a formação desses profissionais ainda não prioriza o estudo da pele negra, o que resulta em diagnósticos equivocados e tratamentos que, muitas vezes, não funcionam.
2. O poder do conteúdo e a responsabilidade de criar para a comunidade negra
Criar conteúdo para a comunidade negra é, acima de tudo, um ato de responsabilidade. Muitas pessoas negras carregam traumas profundos relacionados ao cuidado com a pele, fruto de experiências negativas em consultórios ou salões de beleza. Já ouvimos histórias de quem foi orientado a usar produtos clareadores de forma indiscriminada ou de quem simplesmente desistiu de buscar ajuda profissional por medo de ser mal atendido. Por isso, nosso papel vai além de informar: é sobre reconstruir a autoestima e mostrar que a pele negra também merece (e precisa!) de cuidados específicos.
3. Pessoas negras precisam de um ambiente seguro para compartilhar suas vivências
Um dos pilares do Nossa Pele Negra é ser um espaço onde as pessoas se sintam seguras para compartilhar suas experiências. E, acredite, as histórias que ouvimos são poderosas! Desde relatos de quem finalmente encontrou um produto que não deixa a pele com aquela temida “pele esbranquiçada” até quem descobriu, na comunidade, que não estava sozinho na luta contra a hiperpigmentação. Essas trocas são a prova de que, quando nos unimos, conseguimos encontrar soluções que a indústria ainda não nos ofereceu.
4. O despreparo e falta de disposição das marcas em pleno 2025
Por fim, um aprendizado que não poderia faltar: a indústria da beleza ainda não está preparada para lidar com as necessidades da comunidade negra. Apesar da população negra ser a maior porção da população brasileira, enquanto o cabelo crespo ganhou (finalmente!) algum destaque nos últimos anos, a pele negra ainda é tratada como uma “pós-linha de pensamento” pela indústria da beleza e bem-estar. Marcas lançam produtos “para todos os tipos de pele”, mas esquecem que a nossa pele tem particularidades que precisam ser estudadas e respeitadas. O resultado? Muitas vezes, acabamos usando produtos que não foram feitos para nós, o que pode gerar desde irritações até resultados frustrantes.
Gerir a maior comunidade sobre cuidado com a pele negra no Brasil é, acima de tudo, um ato de amor e resistência. Aprendemos que, enquanto a indústria e os profissionais não se adaptam, nós, comunidade, seguimos nos fortalecendo e buscando soluções juntos.
E, como citamos em nosso manifesto ao final de 2024: desafiamos as marcas a abrirem os olhos para o trabalho que desenvolvemos. Investir em iniciativas como o Nossa Pele Negra, não é apenas uma questão de inclusão, mas uma oportunidade de se conectar genuinamente com um público consumidor fiel e engajado.
Reconheçam o nosso pioneirismo, valorizem a nossa expertise e invistam no nosso potencial. O futuro da beleza no Brasil passa, inevitavelmente, pelo reconhecimento e valorização da diversidade. Chegou a hora de olharem para a nossa pele, a nossa voz, a nossa história. E, juntos, vamos continuar escrevendo essa história!
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