Hoje, 21 de janeiro, celebra-se o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Criado em 2007, por meio da lei 11.635, o dia é um marco para conscientizar a sociedade sobre a gravidade e a urgência das agressões motivadas por crenças religiosas. Enquanto sociedade é importante lembrarmos as vulnerabilidades enfrentadas historicamente pelos adeptos das religiões de matrizes africanas. O dia 21 de janeiro é conhecido pelo combate à intolerância religiosa em homenagem à ativista social e ialorixá Mãe Gilda de Ogum, que liderava o terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, em Salvador, na Bahia. Em 2000, a família e o terreiro de Mãe Gilda foram alvos de violência e vandalismo, que ocasionaram a morte de infarto dessa mulher negra, símbolo da luta contra o racismo religioso.
No Brasil, o candomblé e a umbanda são as religiões mais atacadas e os crimes são realizados, principalmente por fieis ligados às igrejas evangélicas neopentecostais. De acordo com dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o número de violações motivadas por intolerância religiosa cresceu 80% entre 2022 e 2023 registrados pelo Disque 100 (Disque Direitos Humanos). Ainda segundo o órgão, as religiões de matriz africana seguem como as mais afetadas por esse tipo de violência, onde seus corpos, crenças e templos são atacados simbólica e/ou fisicamente. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia chamam atenção pelo número elevado de casos .
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Dos diversos direitos constitucionais que ao povo negro é negado configura também a falta de expressão e liberdade de crenças e cultos, pois somos sistematicamente atacados. Assim, o movimento negro contemporâneo luta para garantia de direitos (à educação, à moradia, à comida, à vida, às crenças) já oficialmente conquistados na legislação, mas nem sempre atendidos pelo Estado.
O candomblé já nasceu no século XIX, como resistência, lá na Bahia (a mesma de Mãe Gilda) e assim seguirá ocupando as ruas, como o Sabejé (ritual em celebração a Omolu) na Avenida Paulista organizado pelo babalorixá Rodney William do terreiro O Ilê Obá Ilê Oba Ketu Axé Omi Nlá que ocupa a mais importante via do centro da capital de São Paulo. Com os ojás na cabeça, fios de contas no pescoço, seguimos como existência potentes protegidas pelas forças dos orixás, celebrando livremente nos templos, casas e ruas.