Nesta segunda-feira (9), completa 20 anos da lei 10.639, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas. Em comemoração a esta data, o MUNDO NEGRO entrevistou o escritor e diretor Rodrigo França, autor dos livros “O Pequeno Príncipe Preto“, “O Pequeno Príncipe Preto – Para Pequenos” e “Pretagonismos“.
“Ainda há muito o que fazer. Precisamos que a lei seja fiscalizada e estimulada. Não temos políticas públicas que garantam, somente (que é muita coisa) educadores comprometidos de forma isolada. Mas estamos na luta para o cumprimento”, afirma Rodrigo França.
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Apesar da luta para a implementação da lei em todas as escolas, os livros de Rodrigo tem alcançado cada vez mais os estudantes. “As escolas e profissionais comprometidos com a luta antirracista enxergam e adotam as minhas obras como ferramenta de reflexão e ação. Fico muito honrado com cada fala afetuosa e bate forte a responsabilidade. O que eu leio e ouço é um agradecimento por fazer a minha literatura com um recorte racial tão necessário. Cada ano que passa os livros do “O Pequeno Príncipe Preto” chegam potentes nas escolas e famílias”.
O Pequeno Príncipe Preto vive em um minúsculo planeta com a sua única companheira, a árvore Baobá; Quando chegam as ventanias, o menino viaja por diferentes planetas, espalhando o amor e a empatia. Rodrigo França se inspirou no clássico “Pequeno Príncipe”, para ressignificar a história com uma criança negra como protagonista.
Já o livro “Pretagonismos” é feito para um público mais jovem. “Foi criado para inspirar e conscientizar a partir de vivências potentes”, diz Rodrigo, que escreveu a obra em parceria com Jonathan Raymundo, para descrever aquilo que foi negado às pessoas negras durante séculos.
Segundo o diretor, as obras infantis que valorizam a negritude impactam de forma positiva nas crianças. “Se apresentamos a cultura negra a partir da sua beleza, potência e magnitude possibilitamos que seja construído um imaginário social positivo em tudo que a envolve. Isto faz com que quebre a branquitude como universal dos aspectos fundamentais e correlacionados ao que é acertável”.
Depois do grande sucesso com o livro “O Pequeno Príncipe Preto”, Rodrigo França está prestes a lançar mais dois livros infantis, que já estão escritos. “Não é fácil, mesmo que já provamos sobre a lucratividade que oferecemos ao mercado. Mas sigamos!”
De acordo com o escritor, “um [livro] tem como personagem um animal africano que está em extinção e falará sobre o quanto nós somos fortes unidos, a partir das nossas diferenças. E outro sobre um outro aspecto cultural a partir da preta, principalmente sobre o entendimento da morte”.